Nessa semana (31-10 a 07-11) vamos ler a interessante entrevista com o professor americano Michael Schudson, que traz como título "A produção de notícias é um bem público a ser protegido". Download da entrevista
Comentários até meia noite de sábado, dia 07-11-09. Boa leitura e abraços
Bedendo
Diante da queda de mercado do jornalismo impresso, tanto para os consumidores de informação quanto - e principalmente - para os jornalistas, creio ser inevitável pensar um novo modelo para tal.
ResponderExcluirPorém questões propostas pelo professor Michael Schudson, principalmente no que diz respeito à sugestão de que a empresa jornalística receba apoio financeiro de ONGs e até mesmo do governo, me parecem impraticáveis diante da realidade em que vivemos.
Como garantir a imparcialidade e isenção das apurações?
Este é meu principal questionamento quanto a tese do professor de Columbia, principalmente porque, quando perguntado a respeito de como isso se daria sua resposta é vaga: "Com regras claras". Que regras seriam essas?
Além disso, a comparação que faz quanto às empresas privadas ("Nos EUA, vemos jornais criticando empresas que anunciam em suas páginas, e isso não faz com que elas deixem de anunciar"), a meu ver, não têm o menor fundamento, uma vez que os interesses do governo, quando se trata do retorno de investimentos em publicidade feitos, são muito distintos do interesse de qualquer organização empresarial.
Lucas Tavares.
O Jornalismo nasceu da burguesia, toda a sua estruturação profissional está na defesa dos princípios burgueses, sendo a liberdade o seu escudo principal. Questionar esta natureza é um tanto interessante, quando o proposto é retirar dele sua essência empresarial e submete-lo a recursos públicos. Claro que este questionamento é necessário para a revisão em torno do jornalismo que hoje é realizado. A proposta de Michael Schudson suscita um debate relevante sobre as dificuldades encontradas pelos profissionais em se manter no mercado, a qualidade da informação e principalmente a isenção dos meios de comunicação frente a um gerenciamento estatal sobre a informação. Há dois lados na proposta, o positivo que defende uma informação melhor trabalhada e isenta. E o negativo que tem por pergunta: Será que de fato haverá uma isenção dos fatos a partir do momento em que os governos serão os responsáveis por financiar os meios de comunicação massivos? Será que não será visto uma repetição do que ocorreu na extinta União Soviética? A intervenção estatal no processo de comunicação tem modelos interessantes, a BBC de Londres é um exemplo que ilustra bem uma programação inteligente e fiel ao propósito de informar. Contudo, a moderação será um bom caminho a ser escolhido no decorrer deste projeto. Os governos podem e devem fiscalizar e orientar os meios de comunicação a fim de que haja uma melhor programação e uma democratização dos conteúdos. A expressão “medir a água com o fubá” vem a calhar, afinal para uma inserção de fato dos governos nas empresas de comunicação, o processo terá que se pautar por interesses gerais. E para isto, outras questões deverão ser repensadas como a inserção popular nos meios de comunicação e a reavaliação de concessões destes meios.
ResponderExcluirRaruza Keara
Vivemos um momento no mundo, em que o digital está superando e cada vez mais substituindo o real. Isto é inevitável tanto no jornalismo como em outros setores da sociedade. O fato relevante que nos é apresentado, é que hoje se priva pela rapidez e não pela qualidade. Discordo plenamente da teoria proposta por Michael Schudson, pois a imprensa hoje já é marcada pela parcialidade, mesmo que se diga no código de ética jornalístico que devemos ser imparciais. Portanto a proposta do professor torna-se um pouco inviável visto que, a interveção estatal no porcesso comunicacional em meu ponto de vista geraria somente mais parcialidade nas redações. Acredito também que, o jornal impresso mesmo que esteja em um processo decadente devido a expansão do “jornal digital”, ele nunca acabará e sempre terá um lugar na sociedade, pois o jornalismo impresso é muito mais reflexivo do que o digital.
ResponderExcluirBruno Quiossa
A idéia de Michael Shudson parece, à primeira vista, um afronte à essência do jornalismo. A imparcialidade de um veículo financiado pelo Estado não é uma qualidade crível. A longo prazo, os jornais tornariam-se meros reféns do governo, consequência inconcebível em um Estado Democrático de Direito, no qual a liberdade de expressão deve ser plenamente respeitada. De maneira antagônica, os veículos de comunicação de Estados ditatorias têm em seu âmago a conectividade com governos que não contemplam a democracia e a liberdade como pilares na construção de uma nação. Admira-me perceber que um jornalista advindo de um Estado liberal almeje a conexão entre o governo e o jornalismo, comparando nossa profissão a uma ONG, que tem objetivos completamente diferentes. A utópica idéia de isenção jornalística é simplista. Sabemos que não existe nenhuma neutralidade no jornalismo. Contudo, agregar a imprensa ao Estado em nada contribuirá para a existência de um jornalismo útil à sociedade, visto a imprensa deve agir como uma entidade crítica e fiscalizadora de atos do governo.
ResponderExcluirO subsidio do jornal por empresas e/ou governo é uma medida arriscada, pois envolve interesses de grupos restritos que poderiam fazer sobressair suas vontades. A rede britânica BBC talvez seja o melhor modelo para a imprensa, no qual a população paga diretamente pelo conteúdo que é produzido, com o abatimento de uma taxa como numa conta de luz ou de água, que é transferida diretamente para um fundo independente que paga aos funcionários seus salários, sem ingerências do poder público. A cobrança de uma pequena taxa, em torno de dez reais por mês por exemplo, propiciaria um investimento gigantesco dado o tamanho de nosso país. O modelo da BBC é um pouco parecido com o proposto por Michael Schudson, com o detalhe da presença majoritária do estado como acionista, o que facilitou a organização de uma estrutura de cobrança pelo conteúdo fornecido pela rede. O que torna difícil a implantação desse modelo é a existência, por exemplo, na constituição brasileira de termos que garantem o direito à informação sem nenhum ônus ao cidadão. Acho que o modelo BBC funciona bem, a produção de conteúdo é gigantesca e de boa qualidade em diversos tipos de mídia, e também com “exportação” do conteúdo para outros países. Não entendi por que na entrevista não mencionaram a BBC. Acho que o entrevistador poderia ter contextualizado que essas ideias não são novidade, uma vez que a estatal britânica faz algo semelhante.
ResponderExcluirPenso que de fato o jornalismo impresso encolhe, mas acho um tanto inocente ou utópico acreditar que a rede, como veículo informativo, vá resultar num surgimento de um jornalismo predominantemente isento e objetivo. Acredito, sim, na possibilidade de um jornalismo mais democrático e independente , mas por causa de uma maior participação popular na produção de notícias. Desconfio muito do fato de que grandes empresas de jornalismo, mesmo que enquadradas no novo contexto da virtualização dos veículos, vá se tornar isenta.
ResponderExcluirFausto Júnior
Em uma época de disseminação de notícias em larga escala pela internet, os rumos do jornalismo impresso são freqüentemente questionados. A entrevista com Michael Shudson transparece a necessidade da busca por alternativas que mantenham o impresso como meio de comunicação imparcial e forte. No entanto, acredito que o caminho apontado pelo professor coloca em risco a neutralidade das notícias produzidas. Transformar um veículo de comunicação em uma instituição sem fins lucrativos financiado por empresas privadas ou mesmo pelo governo coloca os jornalistas a mercê dos interesses alheios. Na atualidade, temos consciência de que a linha editorial de cada jornal rege a produção da matéria, o que já prejudica uma transmissão neutra dos fatos. Colocando interesses externos atrelados a sobrevivência do jornal impresso não é a melhor maneira de se preservar um bem tão importante quanto a informação transparente. Acredito que o jornalismo impresso perde força sim com relação a era do jornalismo digital em que vivemos, mas que há outros meios para mantê-lo presente na sociedade. Apostar em um jornalismo reflexivo e diferenciado ainda é a aposta para firmar o espaço do jornalismo impresso.
ResponderExcluirAcredito que a fusão do Estado com empresas jornalísticas pode acabar com um dos fatores que ajudam a manter a credibilidade de um veículo, a concorrência. A chance de perder espaço para outra concorrente, ou até o medo de cometer um erro que possa prejudicar a própria imagem, serve como auto-regulador da produção de notícias. As empresas que vendem produção jornalística hoje em dia tentam assegurar sua sobrevivência com a credibilidade. Um veículo ligado ao Estado, além de correr o risco de sofrer pressões, pode acabar se acomodando.
ResponderExcluirParece utopia, porém, a ideia do professor Michael Schudson deveria ser trabalhada sim. Não podemos afastar os nossos olhares dessa proposta, como se não tivéssemos o papel de mudar o atual modelo de jornalismo. É claro que, infelizmente, a própria sobrevivência desse veículo está vinculada ao mercado. No entanto, o propósito da profissão é prestar serviço à sociedade, sendo mais do que correto começar transformando a natureza das empresas jornalísticas. Idealismo sim seria criar regras de conduta para o repórter, exigindo imparcialidade. O antagonismo, a diversidade de pontos de vista sobre um mesmo assunto, está presente na própria sociedade. Não é necessário determinar que o profissional escute e aponte diferentes fontes na matéria, pois esse já é o seu dever ético, mas impor a objetividade é realmente impossível, foge do controle de qualquer regra.
ResponderExcluirAs discussões a respeito do futuro do jornalismo sempre surpreendem. O modelo do professor, Schudson é um pouco utópico ou no mínimo nao funcionaria no Brasil. Isenção e imparcialidade ainda deixam a desejar em nosso país. E transformar os meios de comunicação em algo parecido com ONG's, recebendo dinheiro público, não seria uma realidade aplicável no Brasil. Joga com um ponto muito delicado em nosso país: a honestidade. Nos EUA poderia ser uma opção, mas em cada canto do mundo a produção jornalistica de adequa a realidade do país. A presença dos jornais na internet cria um cenário interessante. O leitor do impresso ganha espaços exclusivos na rede onde pode ter acesso a análises mais elaboradas, através de formas que interagem mais com o leitor e o estimula a buscar pelas informações. Vejo nessas mudanças um forma de valorizar a informação e de garantir o crescimento da rede e da produção jornalistica.
ResponderExcluirÉ difícil assimilar as mudanças. Só conseguimos enxergar que elas realmente são viáveis e necessárias quando já foram colocadas em prática. Entretanto, uma mudança no Brasil que dependeria de honestidade deve ser discutida. Ao ser questionado sobre a interferência do governo na produção de notícias, Michael Schudson afirma que isso não aconteceria se fossem criadas regras claras. Mas a pergunta que realmente deveria ser feita é: como garantir que as regras não sejam quebradas? Ora, não somos um país sem leis, sem regras. O que não quer dizer que todas sejam seguidas.
ResponderExcluirMuitos produtos, antes vistos em sua época como insubstituíveis, hoje já não possuem tanta força ou até mesmo deixaram de existir. Bondes, máquinas de escrever e VHS saíram do mercado e deixaram espaço para outros produtos que satisfaçam aquela necessidade. Por isso, é natural discutir sobre o fim do jornal impresso. Acho que o impresso irá seguir o caminho do rádio. Enquanto não vemos o que irá acontecer, o mais aconselhável é tentar encontrar alternativas mais lucrativas, ou pelo menos, menos utópicas.
Os pontos de vista despertados aqui diante da proposta de Schudson apontam para reflexões que devem ser levadas em conta nesse processo. Contribuem muito para o debate opiniões como as de Lucas, Bruno e Fausto, preocupados com a isenção das apurações, e como as de Adriano e Raruza, que lembram o exemplos da BBC de Londres, que representa um modelo inteligente de abertura do espaço público na comunicação. O propósito de prestar serviço à sociedade, como disse a Vanessa, precisa ser evidenciado na pauta de discussões. A grande preocupação, como ressalta Mariana, é como evitar que os jornais, a longo prazo, não se tornem reféns das políticas editoriais dos governos. Os modelos de sobrevivência de uma comunicação pública, que se traduz na abertura de espaços mais amplos para produção e disseminação de conteúdos, ainda devem ser rigorosamente discutidos no nosso país, especialmente diante da digitalização dos meios de comunicação. Os modelos de outros países podem ser interessantes, mas é preciso avaliar com cautela questões culturais, políticas e econômicas, que são diferentes.
ResponderExcluirO artigo da próxima semana complementa essa discussão.
abraço a todos
Bedendo
Não se pode negar que o jornalismo deve se adaptar às mudanças na sociedade e buscar saídas para resistir com sucesso às dificuldades e aos obstáculos que se observam no panorama atual. No entanto, a polêmica idéia do professor Michael Schudson foge da realidade. Transformar empresas jornalísticas em um tipo de ONG visando um jornalismo isento e investigativo não soa coerente. Fica difícil imaginar que o fato de receber recursos do governo ou de empresas não propiciaria um direcionamento no conteúdo das informações. Estabelecer uma fórmula com base em regras claras, como sugere Schudson, para garantir a imparcialidade das coberturas não parece aplicável nem seguro.
ResponderExcluirQue a produção de notícias é um bem público, como afirma o professor, e que deve-se tentar exaustivamente produzi-las da maneira mais isenta o possível, creio que todos concordamos. De fato medidas devem ser tomadas para que isso não se torne utópico nos dias de hoje. Mas essas medidades devem ser pensadas com cautela, analisando todas as suas consequências.
A entrevista com o jornalista norte-americano, Michael Schudson, trata de assuntos muito polêmicos no meio jornalístico: a sobrevivência do jornal impresso e, consequentemente, das redações jornalísticas. Ultimamente está cada vez mais difícil manter uma redação repleta de jornalistas. Os gastos são muitos e quando se trata de um jornal impresso, eles crescem ainda mais, à medida que os jornais impressos vêm perdendo espaço para o webjornalismo. E quando se pensa em dinheiro fica cada vez mais difícil acreditar num jornalismo totalmente isento, já que as redações necessitam de anunciantes e, inevitavelmente, esses anunciantes têm que ter suas imagens preservadas.
ResponderExcluirConcordo com Michael Schudson quando ele afirma que a tendência é que os jornais impressos tenham cada vez mais um caráter analítico, mas acreditar que os jornais poderiam ser financiados pelo próprio governo, mantendo a imparcialidade somente através de um “acordo”, é uma utopia que nem nos EUA e, muito menos no Brasil, isso seria possível.
A necessidade de alternativas que promovam o jornalismo impresso é constante. É verdade que o meio vem perdendo espaço para o jornalismo digital, mas não podemos desconsiderar sua importância. Acredito que o caminho apontado pelo professor Michael Schudson seja pouco viável, pelo risco do meio se tornar uma espécie de voz de empresas e perder o seu objetivo principal, que é o compromisso com a verdade. À medida que os jornais passam a receber auxílio financeiro de empresas, pode ser que sua linha editorial se altere por pressões dos patrocinadores. Hoje em dia não há quem invista sem visar um benefício posterior. Porém, acho interessante a sugestão da produção de conteúdos por universidades e centros de pesquisa. Seria uma alternativa positiva para ambas as partes: leitores, que teriam notícias bem apuradas e transparentes, e acadêmicos, que teriam a oportunidade de vivenciar de perto o jornalismo.
ResponderExcluirUm ponto que não foi muito discutido é os jornais serem financiados por universidades e institutos tecnológicos. Ao meu ver é uma ótima saída para a grande imprensa. Os estudos realizados nessas instituições são de interesse da sociedade, que sendo informada seriam as maiores beneficiadas.
ResponderExcluirPodemos tomar como exemplo a UFJF, que com mestrado e doutorados em várias linhas de pesquisa, são poucos ou quase nenhum que chegam ao alcance da comunidade.
Michael Schudson propõe algumas saídas, muito cedo dizer que são soluções. Mas com certeza são alternativas e, se forem trabalhadas, podem dar muitos resultados para todos – a empresa jornalística, os jornalístas e o público – o maior interessado.
Texto muito bom para nós, jornalístas da próxima geração, pensarmos nessas alternativas e trabalharmos para criarmos soluções viáveis.
É claro que com todas as mudanças que a modernidade abarca, o jornalismo não poderia ser deixado de lado. Ele é quem relata essas mudanças, mas, também, é alvo de todas essas transformações. Estudiosos da área apontam vários caminhos rumo ao futuro do fazer jornalístico. Alguns condizentes com nossa realidade, outros utópicos demais. Nessa última linha se insere a idéia do professor Michael Schudson. Talvez ele esteja se referindo apenas à perspectiva norte-americana (que já uma história da carochinha).
ResponderExcluirNo Brasil, tornar o jornalismo um bem público de fato é um tanto quanto ignorância. Já que todas as esferas controladas pelo bem público, em nosso país, estão obsoletas, sucateadas, desviantes, desviadas. Seria mais uma repartição à mercê da boa vontade de nossos dirigentes políticos.
Se já condenamos a veracidade dos fatos do jornalismo feito por empresas privadas, quem dirá o jornalismo feito pelos órgãos públicos ou financiados por estes. O professor lançou a idéia mais não soube explicar como ela será aplicada na sociedade de fato. Ele usa o termo "regras claras" para definir os limites de poder de uma instituição jornalística em seus moldes. Infelizmente, no Brasil se desconhece esse termo. Aqui não existem regras, e quando elas existem elas não são claras. Ao contrário, elas são escuras, pra não dizer obscuras!
O modelo proposto por Schudson e Downie, conforme a entrevista, seria uma tentativa manter o jornalismo impresso independente dos anúncios, como garantia de informação aos cidadãos, através de subsídios do governo ou outras entidades. A proposta, no entanto, coloca em xeque a credibilidade e a autonomia dos veículos - questão apontada pelo entrevistador. Como o veículo se manteria isento em relação a um governo ou entidade, caso este fosse seu financiador? A resposta dada, que comparava essa situação aos jornais que fazem matérias negativas acerca de anunciantes, não convenceu.
ResponderExcluirNo Brasil, o jornalismo (impresso, principalmente) diário costuma se pautar por reclamações e denúncias do povo, que culminam em matérias revelando falhas nos sistemas públicos de assistência ao cidadão (saúde, educação, etc). Também é comum a presença de reportagens investigativas sobre casos de corrupção nos executivos e legislativos de todo o país - nas esferas federal, estadual e municipal.
No cenário proposto pelos dois autores, teriam os jornais a autonomia necessária para investigar prefeitos, vereadores, deputados, senadores ou mesmo o presidente? No nosso país, infelizmente, acredito que o modelo não daria certo. Os "veículos oficiais" do governo, não raro, escondem problemas em releases otimistas, "tampando" as lacunas de informação do indivíduo com notícias "boas demais para serem verdade."
Não consigo, ainda, pensar que nosso sistema de governo financiaria meios de comunicação ( que, afinal, são de interesse público) sem impor censura às coberturas de "pouco interesse político."
A alternativa proposta no texto, em que as empresas jornalísticas fossem organizações sem fins lucrativos é bastante interessante. Talvez dessa forma, o jornalismo pudesse ir abandonando tendências como a sensacionalista e se aproximando mais do jornalismo não-tendencioso e imparcial (que são alvos talvez inatingíveis).
ResponderExcluirNo entanto, na prática, não seria tão fácil assim. As empresas de comunicação são muito mais do que um veículo de informação e propaganda publicitária. Elas também participam da grande engrenagem política do país. Recentemente o presidente do PT acusou o governador de Minas Gerais de cortar verbas destinadas a jornais que façam críticas ao governador. Esse episódio levanta uma discussão séria acerca da imparcialidade dos veículos de comunicação e da censura. Mesmo que o modelo proposto na entrevista se concretizasse, não se pode deixar de pensar também na corrupção que poderia existir, já que, se os veículos não puderem fazer propaganda e, porventura fizerem em forma de informação (fazer propaganda de uma marca porque uma pesquisa apontou como a melhor no seu setor), pode ser perigoso. Algumas pessoas têm um certo preconceito com alguns jornais justamente por saber que esses veículos possuem pouca credibilidade. Mas se for aprovada uma lei que admita o modelo citado na entrevista, existe a possibilidade de mais pessoas aceitarem o que está no jornal como verdade absoluta. E aí uma propaganda (que seria clandestina, nesse formato de jornalismo) poderia ser aceita como uma verdade provada.
O ideal seria que o jornal não tivesse patrocinadores e que fosse, como diz a entrevista, como uma ONG. Mas em se tratando de hoje o jornal conjugar notícias e propaganda (as vezes até mais propaganda do que informação), torna-se um processo que muitos poderiam denominar inviável.