Bem vindo ao espaço digital utilizado pelos alunos e professores da disciplina Técnica de produção em Jornalismo Impresso para debates sobre questões pertinentes à formação jornalística e à prática do dia-a-dia da profissão no meio impresso.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Impresso em Debate: Semana 6

Alô Turmas,

Para a semana que começamos a contar a partir de sábado, dia 26/09, vamos continuar a leitura do livro Mídia e Violência. Desta vez, a leitura será do artigo "Pautas ausentes na cobertura da imprensa brasileira: o Paradoxo Tostines", escrito por Guilherme Canela. Quem estiver com dificuldades de baixar o arquivo aqui pelo blogspot, pode ir por esse link direto http://digitalricardo.files.wordpress.com/2009/08/livro_midia_e_violencia.pdf

Comentários até meia noite do dia 02/10/2009

Boa leitura,

Bedendo

22 comentários:

  1. Suscitar a discussão a respeito de má cobertura ou simples ausência da mesma em pautas do cotidiano do brasileiro é muito interessante, no entanto, o autor falhou em alguns pontos. Primeiro, ele não cita nenhum sociólogo ou antropólogo que já tenha discutido o tema. Segundo, seus dados poderiam ir muito além dos fornecidos pela ANDES. Terceiro, ele generaliza a imprensa como se todos os veículos tivessem como único objetivo satisfazer aos interesses dos conglomerados da comunicação nacional e fazer economia de material de escritório. Iniciativas como a TV Cultura e Futura, na televisão, e revistas Caros Amigos e Piauí, no jornalismo impresso, são claros exemplos da diferente abordagem de temas por veículos diversos. A metalinguagem da comunicação deve ser feita com muito cuidado e utilizando-se de embasamento teórico de diversas áreas do conhecimento, afinal, estamos falando e uma das áreas de estudo mais interdisciplinares que existem.
    Daniella Lisieux
    8º período - noturno

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  2. Em um comentário que fiz anteriormente aqui no blog, ressaltei que acredito na vigência do conceito de agenda setting, levando em consideração que a mídia tem a capacidade de pré-determinar quais assuntos serão importantes em um determinado momento. Partindo deste pressuposto, é possível que afirmemos também que a condição de existência de algum fato é a sua divulgação pela mídia. Mas neste ponto surge uma inquietação: isso é sempre verdade? Será que não existe mais nada além do que a mídia apresenta?

    O texto de Guilherme Canela, “Pautas ausentes na cobertura da imprensa brasileira: o paradoxo Tostines”, discute sobre o assunto e ressalta que temas como gênero, raça/etnia, pessoas com deficiência são muitas vezes deixados de lado na cobertura jornalística. Sobre a questão que propus no primeiro parágrafo, posso afirmar que aquilo que não aparece na cobertura midiática está sob uma condição de invisibilidade. Dessa forma, os problemas permanecem e nem sequer é feito o esforço de discutí-los.

    Se os jornais querem afirmar que estão “a serviço do Brasil”, devem abordar tudo que realmente faz parte da nossa realidade. E, fazendo isso, deverão apresentar matérias que estejam diretamente relacionadas com o interesse do leitor, uma vez que ele vai se identificar e se ver representado. Mas o que acontece é que muitas vezes a grande mídia subestima seu “cliente” e o trata como um ser inferior, que precisa receber apenas uma informação superficial, descontextualizada. É o estereótipo da família Simpson em frente à TV na hora do JN.

    Canela ressalta, ainda, que o currículo das faculdades não dá muita ênfase ao trabalho de buscar uma abordagem diferenciada da realidade. Concordo com o autor, no entanto acho importante mencionar a experiência que tive quando cursava a matéria Comunicação Comunitária. Para esta disciplina, elaboramos um jornal mural que atendia aos bairros Santa Cândida, Vila Alpina e São Benedito. O trabalho não foi fácil. Tínhamos que visitar os bairros várias vezes, a fim de conhecê-lo, encontrar os problemas e também as boas iniciativas. Foi uma experiência muito importante para que pudéssemos adaptar os clássicos valores notícia àquela realidade. A experiência foi enriquecedora, uma vez que tivemos a oportunidade de mostrar assuntos e enfoques que geralmente não aparecem.

    Ressalto ainda uma questão que observo nos jovens que participam do projeto Comunicação para a Cidadania, da UFJF. Todos os jovens moram em bairros periféricos da cidade. Quando perguntamos sobre a forma como seus bairros são representados pela mídia, todos concordam que aparecem quase sempre na parte policial. Sobre este assunto, destaca Canela: “a cobertura da violência é a única que fala diariamente da periferia, é a única que traz referências muito concretas para o público”. Eles acreditam que isso é ruim para o bairro, uma vez que afirmam que lá não acontecem só crimes. No entanto, eles não conseguem apontar o que há de positivo em sua realidade. Há uma cegueira imposta pela própria mídia. Eles só estão conseguindo perceber os aspectos negativos, porque a mídia só apresenta a realidade sobre este prisma. O que realmente precisa acontecer é uma reeducação. Ensinar as pessoas a perceber que a mídia não mostra tudo que acontece, que existem outros assuntos, outros enfoques, outras fontes possíveis. A mídia deve também se reestruturar para que possa oferecer um maior leque de opções. Este é o maior desafio, é a única possibilidade de tornar as pessoas mais conscientes e afastá-las desta cegueira.


    Alice Linhares

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  3. Questões envolvendo discussão de gênero, raça, deficiência, opção sexual, educação, saúde, violência, direitos humanos. Estes são exemplos de enfoques desconsiderados pela mídia citados por Guilherme Canela em seu artigo “Pautas ausentes na cobertura brasileira: o paradoxo Tostines”.

    Há muitos fatores que interferem na escolha das pautas dos meios de comunicação e do formato das notícias veiculadas. O atual contexto é caracterizado pela padronização do enfoque e da transformação da informação em produto. A imprensa acredita que o público não se interessa por uma cobertura mais aprofundada. E não é verdade que ela se guia apenas pelos anseios do público.

    O autor sugere que o currículo dos cursos de jornalismo não contribui para a cobertura que temos. Claro que a inclusão de disciplinas que tratem da necessidade de aprofundar a cobertura e incluir as minorias faz com que o profissional amplie sua visão de mundo e do fazer jornalístico, mas não adianta mudar a grade da faculdade se, na rotina do trabalho, a linha editorial ou a realidade do cotidiano da empresa jornalística não contribuírem para que o profissional pratique um jornalismo diferente.

    Para estar de fato “a serviço do Brasil”, a mídia não pode desconsiderar, como disse Canela, grupos como afro-descendentes, mulheres, deficientes, crianças e homossexuais. Concordo com o autor que é preciso retirar essas populações da condição de invisibilidade que as caracteriza.

    Na disciplina Comunicação Comunitária, oferecida no curso de Jornalismo da UFJF, tive a oportunidade de aprender sobre comunidade e mídia. Foi nessa disciplina que tive acesso ao livro “O Espírito Comum”, de Raquel Paiva. Sua leitura me permitiu refletir sobre o assunto mais claramente. Atualmente, a grande mídia contribui para a exclusão de minorias, a partir do momento em que veicula informações que as menosprezam e mostram uma realidade em que esses indivíduos não se reconhecem.

    É, nesse contexto, que se insere a comunicação comunitária. Esse tipo de jornalismo se configura como uma alternativa à grande mídia, em um contexto em que as grandes empresas jornalísticas monopolizam a versão pública dos fatos e da verdade, além de padronizar o enfoque e transformar a informação em produto.

    Para melhorar essa situação, além de modificar o currículo das faculdades, é necessário uma via de mão dupla entre mídia e sociedade. Conforme Canela, de um lado, a imprensa deve ampliar as categorias de fontes ouvidas e o discurso proferido por elas. De outro lado, deve haver uma mudança de cultura das próprias fontes, e a sociedade deve estar ciente que nem tudo o que é mostrado pela mídia correspondente à totalidade de enfoques possíveis.

    Nathalie Arruda Guimarães
    6º Período Diurno

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  4. O texto “Pautas ausentes na cobertura da imprensa brasileira: o Paradoxo Tostines”, de Guilherme Canela, ressalta a importância e a necessidade de recortes maiores da realidade brasileira nos noticiários nacionais e locais. Segundo o autor, temas como a violência raramente vão além da discussão do crime em si, se contentando apenas em responder àquelas seis perguntinhas tão conhecidas por nós, jornalistas. Dentre os motivos para a consolidação deste cenário estão a formação dos profissionais de jornalismo, o interesse do leitor, a falácia do valor notícia e a centralidade das fontes, já analisada em um dos debates anteriores.

    Ao longo da leitura do artigo, percebi que discutir a violência é algo essencial para a busca de soluções de grande parte dos problemas que nosso país enfrenta. Por trás da criminalidade, existem várias histórias de vida, muitas vezes sofridas, em que os sonhos e as oportunidades foram anulados pelas mazelas sociais. Desta forma, a exposição da violência pelos meios de comunicação não deve ser pautada pela falsa idéia de que o que o público quer ver se limita ao drama. A abordagem da criminalidade deve provocar discussão no espaço público e para isso, a dependência das informações policiais para a produção de matérias deve ser rompida. Para que haja debate é preciso confronto de pontos de vista diferentes. Cabe ao profissional de jornalismo cumprir o seu papel de “fiscal das ações dos atores públicos” e buscar novas fontes, a fim de consolidar uma abordagem plural e contextualizada dos fatos.

    De acordo com Alfredo Vizeu, os jornalistas constroem antecipadamente um conceito de audiência a partir da cultura profissional. Desta forma, a preocupação com o interesse dessa audiência presumida é uma das principais “desculpas” das empresas jornalísticas para o atual cenário da cobertura da imprensa brasileira. Mas como é possível o jornalismo orientar sua abordagem da realidade por meio dos supostos interesses de um público que nem ao menos é conhecido em sua totalidade e de forma aprofundada? Daí surge o Paradoxo de Tostines, apontado por Guilherme Canela: a mídia não cobre porque o público não tem interesse, ou o público não tem interesse porque a mídia não cobre?

    Acreditar que a tragédia, a morbidez e o espetáculo são os principais aspectos que atraem a atenção do público é uma postura, no mínimo, cômoda – e, na maioria das vezes, é essa a visão adotada pelas empresas jornalísticas. É claro que temas chocantes exercem fascínio sobre as pessoas, mas, talvez, uma abordagem da realidade que se preocupe com as representações sociais nas mídias seja muito mais eficiente para conquistar os receptores, além de ser mais benéfica para a sociedade. Entretanto, para que isso aconteça, os jornalistas devem estar abertos a uma nova percepção do mundo em que vivem e dispostos a trabalhar com temas e enfoques pouco explorados nas redações.

    A formação dos jornalistas deve ser então, a primeira a sofrer alterações. É no ambiente acadêmico que discussões sobre a representação das identidades pelos veículos de comunicação e a democratização da informação devem ser iniciadas. Desta forma, acredito que iniciativas voltadas para a prática da educomunicação se estabelecem como um importante espaço de reflexão. Este é o caso do projeto “Comunicação para a Cidadania”, que atualmente trabalha com jovens dos bairros São Pedro e Dom Bosco na Casa de Cultura. A partir de oficinas que estimulam a recepção crítica das mensagens difundidas pelas mídias e a produção de conteúdos jornalísticos que retratem, de fato, a identidade desses jovens, é possível lutar pelo direito de inserção social através da comunicação e de acesso igualitário aos meios.

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  5. (Continuação)


    A educomunicação pode possibilitar a reeducação do olhar e do entendimento do jornalismo por parte daqueles que recebem os conteúdos jornalísticos e daqueles que os produzem. As faculdades de comunicação devem abrir suas portas e permitir o intercâmbio de conhecimentos e realidades entre os estudantes e a comunidade. Somente assim será possível a formação de jornalistas críticos, que busquem um recorte maior e mais democrático da sociedade, além da transformação do espaço em que se inserem e do fim dos estigmas sociais.

    Bárbara Garrido de Paiva Schlaucher

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  7. Primeiramente, achei o texto repetitivo e com o argumento fraquíssimo, embora concorde especificamente com um ponto: a formação dos jornalistas deixa a desejar e reflete bastante o material que irão produzir. As facudlades jornalismo deveriam darmais noção sobre questões do cotidiano, mas abordando tudo que fosse preciso para a compreensão do meio em que estamos inseridos. Questões sociais, políticas, culturais e econômicas deveriam ser abordadas nem que de maneira superficial no decorrer da faculdade. Por mais que economia não fosse um tema que eu gostaria de me especializar, eu saberia que pelo menos eu preciso ter uma noção do tema.. São coisas que fazem parte do cotidiano e, por isso, também têm que fazer parte do jornalista.

    Essas abordagens mais específicas de problemas como abuso sexual e violência nós podemos perceber nos jornais comunitários. Esses jornais são mais destinados à comunidade e por isso desenvolvem mais o problema, porque, afinal de contas, a comunidade espera essa atenção e essa postura. Mas esses mesmo jornais surgem justamente com o objetivo de sanar o que os outros jornais não conseguem fazer, dar uma atenção mais focada em problemas mais específicos... E tambem surgem como solução para o fato de a grande mídia não olhar para as camadas mais baixas e minoritárias.

    O problema preponderante é a formação que as faculdades de jornalismo têm dado aos profissionais que são mandados para o mercado. A minha preocupação é que a não obrigatoriedade do diploma faça com que cada vez menos seja exigido dos profissionais de jornalismo, sendo que o contrário é que deveria estar acontecendo. Os profissionais precisam ser mais cobrados, precisam ser menos acodomodados, e decisões como essa do diploma só fazem com que as coisas caminhem para o lado contrário do melhor para todos nós, que é o lado da ação.


    Anna Flávia Horta

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  8. O artigo de Guilherme Canela apresenta um tema de expressão na área de Comunicação Comunitária e que deve ser valorizado no jornalismo: a falta de aprofundamento na exposição de temas como violência, educação, saúde e direitos humanos.
    O assunto merece atenção, justamente porque percebemos que as populações das classes baixas e as regiões mais disprivilegiadas das cidades costumam ser retratadas pela mídia a partir de uma angulação negativa. Notícias ligadas à cultura e ao cotidiano das comunidades mais carentes aparecem poucas vezes nos veículos de comunicação. Violência e drogas, geralmente, são as formas como os bairros mais pobres das cidades são retratados. E, esses temas são apresentados de forma superficial. A exposição da notícia e dos fatos tem mais peso do que a análise dos motivos que os levaram a ocorrer.
    Nesse contexto, aparecem dois problemas principais. Parte da população, que não está inserida dentro da realidade das comunidades mais carentes, possui preconceitos consequentes da falta de informação. Os moradores de locais mais humildes e mal apresentados pela mídia não se identificam com os assuntos explorados nos jornais – informações ligadas as classes médias e alta – e, quando encontram notícias de suas comunidades, não se sentem bem com o que leem.
    Educação, saúde e direitos humanos também não são sempre abordados de forma satisfatória pelos meios de comunicação. A apresentação rasa desses assuntos deixa os leitores desinformados sobre direitos ou razões que expliquem determinados problemas presentes nessas áreas. A falta de informação inibe, inclusive, a luta das pessoas por mais qualidade na educação e na saúde e pelo cumprimento dos direitos humanos.
    Alguns veículos caminham para a valorização dos temas abordados. No entanto, muito ainda precisa ser feito. A conscientização dos graduandos de jornalismo e a discussão do papel dos veículos de comunicação na sociedade podem trazer bons frutos. Com as bases do jornalismo bem fixadas, assuntos que realmente são de interesse público serão abordadas de forma mais satisfatória e os meios de comunicação poderão cumprir a missão de servir o público.

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  9. Para tentarmos chegar a uma conclusão, precisamos, primeiro, distinguir as muitas “acusações” que Guilherme Canela faz ao jornalismo em seu texto. A questão da matéria policial já foi discutida num texto passado e chegamos a um consenso acerca de uma certa preguiça do jornalismo para com o tema. É diferente, no entanto, de temas como não representação de minorias e abuso sexual.

    Acredito em algumas teses que explicam, ou tentam explicar, alguns dos casos. Quando se fala que uma matéria sobre economia é aprofundada e que uma de “polícia” não é, penso em públicos diferentes assistindo essas matérias. Alguém que se interessa por economia “suporta”, usando um termo até preconceituoso em certo ponto, uma matéria mais complexa. Polícia todo mundo vê!

    Não acredito em teorias que falam que o jornalista, “o dono do mundo”, não gosta de retratar as minorias. A concorrência entre as empresas de mass media faz com que os jornais não possam se dar ao luxo de não noticiar o que o público quer. Esse tipo de público, naturalmente, varia de programa para programa, de empresa para empresa, etc. Alfredo Vizeu criou um conceito chamado audiência presumida, que explicado grosseiramente, fala que cada programa presume o tipo de público que o assiste e se molda para esse público, de acordo com as preferências dele.

    Por essa teoria chega-se a outro ponto do texto. Explica-se assim o problema da pouca representação de minorias. Um exemplo bastante raso é: se os negros são 10% de uma população, os programas serão feitos para os 90% brancos e a representação dos negros será menor até que 10%. Acho teorias nessa linha bem menos conspiratórias e mais plausíveis, o que não torna o problema menos grave. Talvez classe social também influa nesse processo, mas não vejo como abordar esse aspecto.

    Outra questão, que, na minha opinião, acontece com o abuso sexual e vem acontecendo cada vez menos com a questão racial e o trabalho infantil no Brasil, é que a sociedade não está preparada para ser confrontada com certas verdades que a incomodam. Homer Simpson assiste jornal para ser mais feliz. Até a desgraça alheia o mostra que ele é mais feliz. Ele não quer admitir sua parcela de culpa na corrupção ou na violência, ele não quer lidar com seus preconceitos e medos. Nesse ponto acho que nosso país está cada vez mais preparado pra lidar com certas questões.

    Outro ponto: se os conceitos dos jornalistas estão sempre implícitos na matéria, à medida que os profissionais de imprensa tem um perfil parecido, as impressões colocadas no trabalho tendem a ser semelhantes. O jornalista homem, branco, de classe média, retrata a sociedade vista através da ótica da sua fatia da sociedade. Não necessariamente por maldade. Eles se impressionam com as mesmas coisas, desvalorizam as mesmas coisas, gostam das mesmas coisas, etc. Quando não são provenientes “do mesmo lugar”, o meio (faculdade de jornalismo) se encarrega de moldar esse perfil. Em O habitus na comunicação de Clóvis Barros Filho mostra bem como se dá essa mudança de opinião que leva a lugares comuns durante o curso. Um problema que não atinge somente nossa área. Existe o jeito metalúrgico de pensar, o jeito advogado, o jeito médico...

    Sobre um tema tão amplo e complexo, não tenho uma conclusão. Concordo quando o autor fala em avanços e discordo da maneira com que ele trata vários dos temas, mas tenho certeza de que discussões acadêmicas, como essa, são capazes de fazer o jornalismo se pensar e continuar em frente.

    José Roberto Castro

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  10. A má cobertura de alguns fatos e de alguns assuntos na mídia brasileira é uma questão que salta aos olhos de qualquer um que se aprofunde um pouco mais no assunto.

    Guilherme Canela destaca a negligência jornalística quanto a assuntos de menor interesse público, o que realmente acontece em grande parte dos veículos de comunicação. Publicar o que é de interesse da maioria se tornou uma boa desculpa para os responsáveis pelos jornais.

    Contudo, acredito que ninguém gosta ou aprova o que nunca experimentou. A sociedade se acostumou com notícias e reportagens superficiais. Se tivessem algo de maior qualidade provavelmente não retrocederiam a antigas idéias.

    No entanto, é preciso ver o outro lado da moeda. Produzir informação custa caro, e talvez seja arriscado apostar em novas (e mais aprofundadas) idéias.

    Quanto ao aprofundamento na especificidade das notícias seria necessária uma especialização do novo jornalista já na Universidade. E muitas vezes as matérias específicas não oferecidas nos cursos de graduação. Alguns jornalistas se formam 'crus' em muitos segmentos da profissão.

    Thamara Gomes #Rio2016

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  11. A sociedade sempre enfrentou sérios problemas de reflexão sobre alguns temas. Nunca se foi seriamente discutido abuso sexual, violência e desvios de conduta que nós tanto reprimimos. Por isto em pauta seria um grande avanço para o jornalismo brasileiro.
    Porque é necessário que se tenha uma capacidade de análise forte em economia, em agricultura, e prevê-las, porque não ir fundo numa análise que realmente crie pautas de debate sobre estes assuntos? Quando lembramos da pauta de comportamento nos jornais, nos lembramos de exercícios, de hobbies, de horóscopo. Onde está a verdadeira essência do comportamente humano? Por que não discuti-lo a fundo?
    O Brasil sempre foi apontado como um país de muito potencial, mas que foi prejudicado pela corrupção dos seus governantes. Noticiar isto, estudar, criar pautas que produzam soluções para os problemas, isto sim é função social. Vejo como a principal metodologia dos jornalistas hoje a exposição de fatos, a apuração de fatos de acordo com sua política editorial. Não seria hora de mudar? Não seria a hora de criar outros ideais para o jornalismo? Cria-se o comunicológo, um formador de opinião, um analista da sociedade.
    Um grande empecilho para a candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2016 e que ainda suscita muitas dúvidas na sociedade internacional é a violência. Agora temos a oportunidade, em 7 anos, de renovar nossa imagem frente ao cenário mundial. De expor nossas dificuldades, e resolver nossos problemas. E ninguém melhor do que o jornalista para denunciar e formular soluções para o atual cenário brasileiro.
    Leonardo Civinelli - 200712014

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  14. A discussão exposta no texto desta semana é muito importante para se pensar o jornalismo e o conjunto de pautas frequentemente presente na mídia. Partindo do “Paradoxo Tostines” citado por Guilherme Canela - “A mídia não cobre porque o público não tem interesse, ou o público não tem interesse porque a mídia não cobre?
    ”-, podemos analisar melhor os fatores notícia que determinam as coberturas dos principais jornais regionais e nacionais.

    Ao meu ver, merece destaque a questão da formação dos novos jornalistas. Concordo em partes com a afirmação do autor de que “o currículo das escolas de jornalismo, em geral, passa a léguas de distância das temáticas que estamos aqui focalizando”. Falo isso, pela própria experiência no nosso curso de comunicação. De forma crítica, vejo que nos faltam disciplinas importantíssimas como, por exemplo, Comunicação e Política. Dou esse exemplo específico, porque tive a oportunidade de cursar uma matéria com esse nome em outra universidade. Só depois disso, vi como faz falta um tópico como esse na nossa formação. Os alunos que têm mais interesse pelo assunto, acabam procurando grupos de estudo e pesquisa sobre política, ou disciplinas em outras faculdades, mas talvez a grande maioria conclua o curso sem um conhecimento aprofundado sobre o tema. Por isso, como menciona o autor, “um conjunto de pautas fundamentais para a sociedade brasileira” acaba tendo “presença rarefeita na imprensa", devido, muitas vezes, ao pouco conhecimento dos assuntos por parte dos profissionais.

    Acredito, portanto, que a grade curricular dos cursos de comunicação e jornalismo deva passar por constante revisão e atualização, de forma que temas contemporâneos e discussões sociais estejam sempre incluídos no programa. Principalmente nesse momento em que nosso diploma perdeu a obrigatoriedade, é hora de repensar nossa profissão e formação.

    Outra questão interessante, apresentada no texto, é a “institucionalização” das redações de jornais. Nem sempre é positiva essa visão empresarial dos meios de comunicação, pois de fato, quando os editores começam a pensar assim, passam a ver os leitores como consumidores e a notícia como mercadoria e, não, como informação.

    Focando no jornalismo policial, compartilho da opinião do autor de que a cobertura da violência é o espaço do noticiário local. Realmente os leitores procuram informações próximas à sua realidade. E, por isso, uma discussão mais generalizada sobre os problemas sociais pode não despertar tanta atenção da população, por não ter personagens com os quais ela se identifica.

    Um ponto muito importante quando se fala da cobertura do jornalismo policial é, também, a questão das fontes. Acredito que esse seja um dos maiores desafios nesse ramo. O fato de as fontes não serem diversificadas, de certa forma, engessa a editoria em questão, dando-lhe uma caráter de boletim de ocorrência. É muito importante, ainda, como cita o autor, que as fontes – em sua maioria os policiais – estejam mais preparadas para discutir os assuntos e fatos e, não apenas, apresentá-los nu e crus. Portanto, é uma função que não cabe apenas ao jornalista.

    Por fim, entendo que a cobertura jornalística, apesar das fragilidades, tem evoluído com o tempo. Acredito, também, que ela acompanha a evolução da sociedade que, aos poucos, vai tomando mais conhecimento dos problemas sociais e os colocando em pauta. Pensando assim, acabo tendendo mais para a afirmação de que a mídia cobre o que a população tem interesse. Entretanto, o faço com cautela, pois não penso o jornalismo como um produto que quer simplesmente agradar o cliente. Mas vejo que a evolução de ambos (jornalismo e sociedade) caminha junto.

    Laura Giordano

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  15. Esse Guilherme Canela parece ser o típico profissional maniqueísta e "revoltado com o sistema", que critica a torto e a direito sem, contudo, fundamentar seus ataques em uma sólida argumentação. Concordo com ele quando denuncia a ausência de certas pautas na cobertura da imprensa brasileira, mas desconfio que as razões para tanto sejam um pouco mais complexas e difusas do que as simploriamente por ele apontadas.

    Em primeiro lugar, é importante frisar que quem define as pautas são os jornalistas, que - como todos nós - são dotados de personalidade e visão de mundo próprios. Sobre isso, o autor Ciro Marcondes Filho escreveu em "A saga dos cães perdidos": "(...) jornalistas não partem para o mundo para conhecê-lo; ao contrário, eles têm seus modelos na cabeça e saem para o mundo para reconhecê-los (e reforçá-los)." Assim, a notícia provém daquilo que os jornalistas - imbuídos por suas próprias crenças, valores e ideologias - PENSAM que interessa ao público. Porém, nem sempre esse julgamento condiz com a realidade.

    Quanto ao sucesso de matérias sobre a violência em bairros periféricos - em detrimento de pautas positivas que poderiam ser produzidas nessas comunidades -, concordo com o autor quando diz que, "mal ou bem", é uma forma de colocar essas regiões (e seus habitantes) na mídia. O interesse, segundo ele, surgiria porque a cobertura da violência retrata o cotidiano dos bairros. Contudo, creio que essa explicação seja um pouco reducionista.

    Como estudamos durante a faculdade, o teor negativo dos acontecimentos é um dos mais fortes critérios de noticiabilidade. Em outras palavras, isso significa dizer que as pessoas se interessam, sim, mais por notícias de crimes violentos do que pela "cobertura da inauguração do salão de beleza da vizinha". As razões para a preferência talvez escapem um pouco da alçada da Comunicação Social, sendo melhor explicadas pela Sociologia e pela Psicologia, mas o fato é que, diante de uma questão como essa, não se pode simplesmente afirmar que cobre-se mais crimes porque eles são pautas menos dispendiosas.

    O autor também trabalha a oposição entre a análise profunda e a simples descrição dos fatos. Ao meu ver, ambas as formas de cobertura são válidas, desde que usadas nos veículos e nos momentos certos. As pessoas têm necessidade de se infomar diariamente sobre os acontecimentos, mas a maioria delas não dispõe de tempo nem paciência para ler, de manhã, enquanto tomam o café, uma longa reportagem analítica sobre a violência no país. Isso é assunto para matérias especiais, reservadas, por exemplo, para as revistas semanais ou jornais em fins de semana. No dia-a-dia, o que todo mundo quer é mesmo saber básico "o quê, quando, como, onde e por quê".

    Gabriella Praça

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  16. Pensar nas pautas desprezadas pelo jornalismo, ou melhor, na voz não ouvida das minorias, é algo importantíssimo nos tempos atuais. Na era dos blogs, onde o espaço é democrático, a necessidade de buscar diferentes visões sobre o mesmo fato é evidente.
    Em seu artigo, Canela critica a formação dos jornalistas que em sua maioria são jovens de classe média e através de seus textos transcrevem essa visão de mundo aos leitores. Porém, muitos jornalistas anseiam mostrar o outro lado da população. Mas boa parte dos leitores/espectadores preferem saber quantos foram mortos na chacina da esquina, do ler uma analise sociológica dos perfis dos assassinos, por exemplo. O espaço para análise dos fatos é pequeno e existe apenas na internet (em sites especializados) ou em grandes jornais (voltados para as classes A e B).
    O “paradoxo Tostines”: a mídia não cobre porque o público não tem interesse, ou o público não tem interesse porque a mídia não cobre, evidenciado no artigo de Guilherme Canela é uma forma de se refletir a respeito dos valores-notícia. Acredito que os fatos veiculados devem ser aqueles que atendem o interesse público, que informam ou analisam fatos de relevância na sociedade. Independente de quem for o ator, ou autor, do acontecimento em questão.
    Pedro Brasil

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  17. O artigo “Pautas ausentes na cobertura da imprensa brasileira: o paradoxo Tostines”, de Guilherme Canela nos leva a pensar sobre uma temática que costuma passar despercebida pelos leitores da grande mídia: a abordagem extremamente repetitiva de assuntos relacionados à violência, educação, saúde e direitos humanos.

    Em geral, os veículos mais populares não apresentam contextualizações profundas e excluem segmentos ainda marginalizados pela sociedade, como deficientes, homossexuais e os mais pobres. Estes últimos, na maior parte das vezes, só vêem sua comunidade no noticiário quando se trata de notícias de assassinato, roubo, estupro e outros casos que espelham o lado negativo do local e das pessoas de onde moram. Análises que possibilitem uma reflexão sobre os fatos e propostas de solução para os problemas costumam ser desconsideradas. Devido a uma série de fatores, os meios de comunicação se rendem, mesmo que em diferentes níveis, à espetacularização do sofrimento alheio.

    Primeiramente, uma visão diferenciada do jornalismo, que tenha como base os princípios éticos e as noções de cidadania que o regem (ou pelo menos deveriam regê-lo) só seria possível por meio da reformulação da grade curricular das escolas de Comunicação. A formação em humanidades, com ênfase na sociologia, antropologia, psicologia e direitos humanos, sem sombra de dúvidas, tornaria os jornalistas mais aptos a abordar assuntos de cunho social. No entanto, as faculdades de jornalismo parecem estar muito mais preocupadas em “domar” o aluno para o mercado de trabalho, por meio de uma especialização técnica, do que em despertar a consciência crítica dos estudantes. Perde-se o sentido do estudo da Ciência da Comunicação para o ensino de um emaranhado de técnicas que conduzem à redação de matérias com caráter superficial.

    O pretexto utilizado pelas editorias é que se expõe no noticiário aquilo que o público quer ver. Segundo elas, coberturas de casos violentos elevam a audiência. Pode até ser. Mas, como ressalta Canela, a cobertura da violência é a única que fala diariamente do bairro, da periferia no noticiário local.

    Não existem pesquisas confiáveis que comprovem que as pessoas não se interessariam pelas notícias, caso as propostas e as análises sobre os problemas locais ocupassem maior espaço do que o relato desses problemas. A comunicação comunitária mostra que é possível atrair o público de maneira didática e participativa. Sem o interesse financeiro condutor das ações da grande mídia, essa modalidade permite que as pessoas se identifiquem com sua comunidade ao mostrar os aspectos positivos dela. Talvez, uma das soluções para o paradoxo proposto no texto (a mídia não cobre porque o público não tem interesse, ou o público não tem interesse porque a mídia não cobre?) pudesse surgir da interação entre a mídia tradicional e a comunicação comunitária.

    Anelise Polastri Ribeiro

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  18. Terminamos esse ciclo de debates com um tema que, sem dúvida, desperta polêmica e opiniões divergentes, como as que constatamos aqui. O artigo é provocativo e foi com esse interesse que o postei. Importantes são as reflexões que tiramos e que levamos para a vida profissional. Todos os que opinaram expuseram seus sentimentos e argumentos acerca de nossa profissão.

    Espero que todos continuem a cultivar essas palavras no dia-a-dia profissional e que tenham muito sucesso em todas as pautas da vida! Abraços

    Bedendo

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  19. O artigo de Guilherme Canela aborda um tema muito importante do jornalismo: a escolha do que será notícia. O respeito pela segregação de classes sociais dentro destas escolhas são um dos fatores que imperam num jornalismo responsável.
    Quando o assunto é violência, é como se o pobre já estivesse acostumado com ela. Como se fosse possível para algum ser humano se acostumar a conviver com a violência. Acredito que uma maior cobertura da violência nas classes menos favorecidas, elevaria a moral social das classes, envolvidas ou não, aumentando a indignação e repressão.
    A comparação da cobertura dos problemas sociais e a situação econômica feita pelo autor é bastante pertinente. O contexto econômico é bem mais complexo para muitos cidadãos por não ter proximidade com seu dia a dia de forma direta, como é o caso da bolsa de valores. Já casos sociais como abuso social, mesmo quando não fazem parte da vida do indivíduo, são facilmente compreendidos, o que facilita o interesse. Assim, não há justificativa para a falta de cobertura de tais temas.
    Os jornais populares são mais acessíveis tanto pelo custo quanto pela linguagem, como menciona Canela. Porém, mostram uma carência enorme em matérias mais contextualizadas. Políticas sociais e ações realizadas por associações de bairro que deram certo, também atrairiam a atenção do público pela expectativa de mudar de vida.
    “Um jornal a serviço do Brasil” é o que deveria acontecer de fato. Mas como ainda não é o que vemos, como cidadãos devemos cobrar das empresas e como jornalistas devemos aguçar o olhar crítico dos nossos leitores.

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  20. Analisando a mídia impressa, televisionada e radio difundida podemos nos dar conta da ausência de inúmeros assuntos essenciais à boa e completa informação dos receptores das mensagens midiáticas. Concordo com o autor quando ele afirma que a situação hoje está melhor do que a de alguns anos atrás, visto o esforço de algumas publicações e programas em se dedicarem à elaboração de reportagens melhor contextualizadas. No entanto, são poucas as empresas que se empenham neste esforço.

    Partindo do pressuposto de que o leitor não se interessaria por determinados assuntos, os veículos de comunicação se eximem de uma obrigação que seria deles: dar voz e espaço a determinados fatos e indivíduos. A imprensa subestima cada vez mais o público ao assumir que o mesmo não se interessaria por temas diferentes dos que são corriqueiramente oferecidos. Justificada sob a ótica dos valores notícia, a violência escancarada é imposta como fator de atração do público em detrimento de outras abordagens como, por exemplo, como combatê-la.

    O interessante conceito do “paradoxo Tostines” reafirma essa quase que cruel intenção da mídia de jogar para o público todo um universo que, infelizmente, engloba o mau jornalismo. Como colocado pelo autor, grande parte do público, especialmente as minorias, se encontra frente a um beco sem saída. Ao se verem representados pelo noticiário policial, moradores de favelas e periferias encontram neste espaço uma forma de identificação, já que para muitos este é o único momento em que suas localidades e seu cotidiano são mostrados.

    Outro ponto fundamental na abordagem feita pelo texto é o tratamento editorial dado a matérias que trazem como seu foco a violência. A contextualização deste tipo de reportagem chega a ser mínima, uma vez que o relato prioritário geralmente parte e fica nas fontes policiais. Para não deixar camadas da nossa população invisíveis aos olhos e ouvidos de todo um país, é necessário mudar a política de se estabelecer pautas, analisar outros ângulos e, principalmente, que as minorias e o público em geral não sejam tão subestimados com ainda têm sido.

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  21. Sobre o artigo de Guilherme Canela, acredito que, como diz o jornalista, a ausência, ou a pouca veiculação, de matérias sobre crimes sexuais ocorre, principalmente, por algo que ainda choca a sociedade e constrange muito as vítimas e suas famílias.
    Acredito que seja extremamente difícil para alguém que tenha sofrido um crime sexual relatar como este aconteceu, detalhar e falar sobre o agressor. Penso também que não deve ser agradável para a família da vítima ler nos jornais os detalhes do crime, além do assédio de demais veículos e dos questionamentos da sociedade. Outro ponto importante, é o medo de se expor, revelar o abuso sexual e com isso sofrer outros tipos de violência.
    Em Jornais mais sensacionalistas é mais comum lermos esse tipo de notícia, porém, com caráter duvidoso e falta e bom senso. Para exemplificar, cito um exemplo que aconteceu comigo, um jornal local tinha como manchete, ocupando mais de meia página: “tarado promete pipa e dá o créu”. Ao ler a reportagem percebi a tamanha falta de respeito com que o jornalista tratou de um crime pedofilia.
    Creio que, exemplos como esse que citei, levam leitores e sociedade à falta de interesse e preferência por não ler sobre crimes sexuais.

    Liliane Turolla

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  22. Os jornalistas em formação devem detectar as áreas de maior interesse e procurar se informar melhor sobre as mesmas. Acho que é importante estudarmos questões sociais na faculdade e como abordá-las de maneira interessante para o público que queremos atingir. Isso também deve ser passado dentro das redações quando há uma política em atender o interesse público.

    Quando o autor fala sobre a falácia do valor notícia, pude perceber a preguiça que existe nas redações na hora de ir mais a fundo numa matéria. Porque o texto já não traz as causas do abuso sexual? Acho sim que o fato em si é mais atrativo que o “porque”. Mas acreditar que uma avaliação aprofundada não tem valor notícia, não pode ser levado em frente. Como vamos ser formadores de opinião se nem ao menos instruímos nossa sociedade em como pensar, analisar e tirar suas próprias conclusões?

    O mesmo não se vê em editorias de economia, porque geralmente quem lê esses textos são pessoas de classe social e nível escolar mais alto. Portanto, entende-se que são pessoas que conhecem o conteúdo que leem e podem fazer uma análise do assunto. A preguiça que eu mencionei acima, a meu ver, está relacionada com o que o autor Guilherme Canela chama de Paradoxo Tostines. E para mim, a resposta seria: como o público pode ter interesse por uma coisa que nunca foi educado a ter? Se a mídia muda a maneira de pensar, o público leitor muda a maneira de ler e se educa para uma leitura mais aprofundada.

    Os meios de comunicação que dizem estar a serviço do Brasil precisam se atentar para os mais diversos públicos e abordagens em seu conteúdo. Sendo vista como provedora de debates e informações contextualizadas, a imprensa tem em suas mãos a chave para discussões que vão garantir os direitos e ampliar a visão social para públicos visto como discriminados: afro-descendentes, mulheres, pessoas com deficiência, crianças, homossexuais. Aí sim ela estaria fazendo seu papel de democrática e livre.

    A luz no fim do túnel que o autor traz, na verdade, é a solução para todas as questões que ele mesmo levantara. Parece que a imprensa já acordou para dar uma maior contextualização dos fatos, trabalhar em equipe, pesquisar dados da cobertura.

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