Bem vindo ao espaço digital utilizado pelos alunos e professores da disciplina Técnica de produção em Jornalismo Impresso para debates sobre questões pertinentes à formação jornalística e à prática do dia-a-dia da profissão no meio impresso.

sábado, 19 de setembro de 2009

Impresso em Debate: Semana 5

Turmas,

O texto dessa semana foi sugerido pela professora Simone e trata das mudanças no mundo do trabalho do jornalista.

Download: O Jornalista em Pauta: mudanças no mundo do trabalho

Leitura e comentários até meia noite de sexta-feira, dia 25/09.

abraços

Bedendo

23 comentários:

  1. O artigo de Cláudia do Carmo Nonato Lima toca em um ponto especialmente pensado e comentado por mim, até mesmo aqui no blog: a pressa que tanto prejudica o fazer jornalístico.
    Nos referimos àqueles que produzem jornalismo como ”empresas jornalísticas”. O jornalismo sempre foi praticado e encarado como um negócio, mas com a Revolução industrial e com a necessidade de se vender produtos e de investir em publicidade, as redações jornalísticas passaram a se preocupar mais com o que venderia seus jornais, e menos com a notícia que estavam dando. Paralelo a isso, não posso deixar de citar a concorrência entre as empresas de jornalismo, que também leva os jornalistas a postarem informações de primeira mão, não necessariamente bem- apuradas.
    Isso piora com o tempo; a instalação de computadores e o avanço crescente da tecnologia só dão uma contribuição constante e crescente para essa pressa e pela queda da qualidade do produto jornalístico. Qualquer um hoje em dia pode ter um blog e postar o que quiser. Graças ao twitter podemos saber de coisas que a imprensa mal começou a apurar, porque senadores, por exemplo, postam o que aconteceu e está acontecendo do twitter. Enquanto isso o trabalho jornalístico encontra-se desvalorizado, cada vez mais, principalmente com a não-obrigatoriedade do diploma para Jornalismo votada recentemente.
    As redações jornalísticas também perderam muito quando deixaram de contar com um profissional específico para a edição dos jornais. Hoje em dia é raro que haja alguém específico para analisar as matérias produzidas, comentar e melhorar alguns pontos. Essa pessoa que tira a informação desnecessária, que corrige erros e torna o texto mais claro e inteligível. E o fazer jornalístico, que tantos acreditam até hoje ser isento de subjetividade, tende cada vez mais a ser influenciado com parte do saber do trabalhador, do operário que produz a matéria, como foi colocado por Marx, com a maior pertinência.
    A necessidade cada vez maior de mais agilidade na realização de tarefas compromete cada vez mais o jornalismo, que tem a pressa como uma espécie de aliada e inimiga, ao mesmo tempo. O jornalismo não existe sem a rapidez dos acontecimentos e da apuração dos mesmos, mas quando essa rapidez atropela a apuração, a notícia deixa a desejar. A tarefa não é cumprida, mas a notícia é publicada como se tivesse sido. Quem sai prejudicado nesse caso, inclusive, é o próprio leitor, que lê uma matéria mal apurada, muitos casos mal-escrita.
    O jornalismo, não só impresso, mas de uma maneira geral, enfrenta o desafio de sobreviver em meio a tantas tecnologias já que essas permitem que as pessoas postem qualquer tipo de informação; o que, antigamente, sem o twitter, era considerado o famoso “furo de reportagem”. Essa pressa crescente em se produzir matérias é algo que só tende a aumentar. Nosso ritmo diário de vida tende a se tornar mais intenso e, para acompanhar a velocidade em que vivemos tudo, atualmente, a publicação de notícias acontece sem muitos critérios em relação à precisão dos fatos. O resultado disso são matérias cada vez menos apuradas e um público cada vez menos informado, ou pseudo-informado.


    Anna Flávia Horta

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  2. A tecnologia é a grande responsável pelas maiores mudanças que ocorrem na vida do homem. Sempre que uma nova tecnologia surge, as relações humanas se alteram. O artigo de Cláudia do Carmo Nonato Lima, “Jornalista em Pauta: mudanças no mundo do trabalho, no processo de produção e no discurso”, discute especificamente as transformações que ocorreram no trabalho do jornalista. Os computadores alteraram não só a rotina, mas também o modo de produção e o discurso deste profissional.

    Em sua essência, o trabalho é considerado o local em que a pessoa se sente um ser capaz, se sente útil. No entanto, na sociedade capitalista, qualquer tipo de trabalho está diretamente relacionado à busca por capital. As máquinas estão substituindo os homens, o tempo de trabalho foi intensificado, a mão-de-obra reduzida e o desemprego se tornou inevitável.

    Neste cenário, a comunicação passou a ser vista como um instrumento de acúmulo de capital e muitas vezes é confundida com “um negócio qualquer”. Assim, o jornalista teve que se tornar um profissional multifuncional, que acumula as mais diversas funções. O jornal é uma empresa, que se preocupa em conseguir cada vez mais lucro e poder. Dessa forma, o processo de produção jornalístico se submete aos valores capitalistas e a publicidade ocupa lugar de destaque, uma vez que dela depende a sobrevivência dos veículos. A informação se tornou a principal moeda de troca: quem tem informações detêm o poder. No entanto, muitos jornalistas não vêem mais a informação como um direito do cidadão. Muitos profissionais se vêem divididos entre a função de informar de maneira isenta e fiel, e a necessidade de atrair mais “clientes” (leitores, espectadores, ouvintes), levando em conta uma abordagem sensacionalista e mais atraente da realidade. A notícia virou mercadoria.

    Além disso, a profissão exerce fascínio e faz com que muitos a procurem apenas pela ilusão de se tornar uma celebridade. O estereótipo de jornalista mais velho, trabalhando em redações cheias de fumaça de cigarro, ao som das máquinas de escrever acabou. Hoje, vemos “jornalistas estrela”, que buscam fama, glamour e poder, totalmente “geração saúde”, trabalhando em grandes corporações com os mais modernos computadores.

    Como consequência destas transformações, a comunicação se afasta de seus princípios básicos e, então, as pessoas podem não se sentir representadas pelos meios de comunicação. As premissas do capitalismo deixam de lado a pluralidade. A produção se torna homogênea, norteada pelo incentivo ao consumo e pela padronização de valores, costumes e hábitos. Para agravar esta situação, no Brasil, todo o poder da mídia está concentrado nas mão de pouquíssimas famílias. A Conferência Nacional de Comunicação surge, então, como uma importante ferramenta de discussão. A Conferência vai acontecer em Brasília, no mês de dezembro. Seu principal objetivo é promover um debate amplo sobre a democratização da comunicação, contribuindo com propostas para a formação de uma Política Nacional de Comunicação. Nesta semana, nos dias 25 e 26, vai acontecer a etapa municipal, em Juiz de Fora. Estarão presentes representantes da sociedade civil, dos meios de comunicação, da Prefeitura, da Câmara Municipal e da UFJF. Trata-se de um momento importantíssimo que pode ajudar a alterar todo este cenário, fazendo com que princípios éticos do jornalismo sejam resgatados.

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  3. O ritmo de trabalho nas redações atuais foi, como para outros setores, resultado da divisão internacional do trabalho que impôs mundialmente um novo sistema de produção, comandado pela demanda. O jornalismo pós- moderno, portanto, continua obedecendo à lógica de mercado, na qual rentabilidade e lucratividade são palavras de ordem. A informação é, hoje, artigo de primeira necessidade e a aceleração dos processos tecnológicos que viabilizam sua circulação operaram uma considerável transformação no mundo do trabalho.
    Apesar da divisão trabalhista tal qual a empreendida na época da revolução industrial ainda vigorar no recorte histórico recente, a revolução informacional e a compressão do tempo reorganizaram os métodos e processos de trabalho, que passaram a se alicerçar especialmente na flexibilização dos profissionais da imprensa.
    Nesse sentido, o jornalista tem atuado de maneira cada vez mais polivalente ao tentar informar os fatos e atender às demandas do competitivo mercado. Com isso, é possível compreender o inevitável enxugamento das redações e o aumento de profissionais atuando de maneira autônoma na grande imprensa ou através da mídia independente.
    É possível notar que a convergência dos meios de comunicação tem exigido um perfil mais tecnicista e menos investigativo do jornalista. No entanto, as empresas de comunicação se vêem coagidas por esta democrática mas ameaçadora mudança, em que os jornais impressos tornaram-se os mais atingidos. Os conglomerados de mídia, antes de origem familiar, estão abrindo seu capital a acionistas externos e mudando sua configuração econômica e, até editorial, a fim de evitarem uma falência global.
    A sociedade norte-americana vem contando os dias de vida de um dos maiores jornais de sua história, o New York Times. Como citado pelo correspondente internacional da Revista Veja em matéria sobre a crise que assola os impressos do atlântico norte, "o fechamento de um jornal é o fim de um negócio como outro qualquer. Mas, quando o jornal é o símbolo e um dos últimos redutos do bom jornalismo, não importa quanto isso custe, como é o caso do Times, morrem mais coisas com ele. Morrem uma cultura e uma visão generosa do mundo. Morre um estilo de vida romântico, aventureiro, despojado e corajoso que, como em nenhum outro ramo de negócios, une funcionários, consumidores e acionistas em um objetivo comum e maior do que os interesses particulares de cada um deles"(edição 2110, de 29 de abril de 2009). Assim como foi pontuado pela autora em uma citação de Ciro Marcondes Filho, parece ser nessa toada que a mística do contrapoder se esvai.

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  4. Os computadores e a internet mudaram a rotina de muitos profissionais. Mas no jornalismo essa questão pode ser observada com maior clareza. O jornalista que antes escrevia para o jornal impresso, hoje tem matéria publicada também no site ou no blog da empresa. E esses textos não são os mesmos. O público que lê o jornal impresso não é o mesmo que acessa o site, por isso a linguagem tem que ser diferente. E o jornalista não vai receber o dobro por mais este trabalho.

    As mudanças nas relações de trabalho do jornalistas também fizeram com que ele se especializasse. Hoje, muitos jovens saem da Faculdade já pensando na Pós ou no Mestrado, tentando fazer da especialização um caminho mais curto para a 'sonhada' carreira. Mas o que temos visto é que, cada vez mais, os jornalistas desempenham funções mútuas. Você pode até conseguir trabalhar na área especializada, mas certamente terá outras funções na empresa.

    A não exigência do diploma desvaloriza os profissionais. Só porque a internet expandiu o espaço para opinião e informação não quer dizer que qualquer um pode ser jornalista. A mídia (o jornalista) é responsável pela formação de opinião da maioria da população e deve ser respeitada por tal.

    A correria aumentou pra todo mundo. Mas os jornalistas precisam fazer de cada acontecimento relevante do dia uma notícia. A informação deve ser considerada um bem público, e tratada com a maior isenção opinativa possível pelo jornalista.

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  5. Na minha opinião, o texto é muito preconceituoso. Ele faz algumas ressalvas em relação às mudanças advindas com as novas tecnologias, mas é pessimista.

    Acredito que, mudanças devem sim ocorrer para melhor prepararar o profissional que tem se formado hoje em dia. Mas criticar a profissão por ela ser hoje multimídia, e o jornalista ter que se adaptar a isso, é coisa de quem tem medo de perder o posto e não quer se atualizar.

    As redações mudaram, reduziu-se o núnero de jornalistas, mas ainda é necessário a notícia e ela deve ser feita sim com comprometimento, e com o leitor não com o "patrão". Nesse ponto, concordo com o autor, que mostra o jornal, como uma empresa, e que se esquece dos princípíos do jornalismo.

    Vejo uma saída, e uma adaptação à essa nova forma de jornalismo: como a profissão é multidisciplinar, no futuro, teremos os donos das empresas de comunicação formados em jornalismo e com especialização em gestão. Enxergo assim, que mesmo preocupado com o lucro, o dono vai se preocupar mais com a qualidade da informação.

    Vivemos hoje mudanças muito rápidas em toda sociedade e por consequência na forma de exercer a profissão. No entanto, só jogar os problemas no ar não ajuda em nada. A discussão é longa, mas acredito que, mudanças terão que ser feitas, mas sempre visando o aprimoramento da comunicação.

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  6. A perda do fascínio da profissão. Em poucas palavras, essa pequena frase, baseada na citação de Ciro Marcondes Filho, resume o cenário de precarização do trabalho do jornalista. O artigo de Cláudia do Carmo Nonato Lima, “Jornalista em Pauta: mudanças no mundo do trabalho, no processo de produção e no discurso”, ressalta as transformações ocorridas nas esferas tecnológicas, culturais e interpessoais ao longo do século XX, e suas implicações na função e no processo de produção dos profissionais do jornalismo.

    O homem tende a pensar que a tecnologia é a saída para todas as dificuldades da humanidade, mas segundo Peter Burke, “nas atividades humanas, todas as soluções de um problema, mais cedo ou mais tarde acabam gerando outros problemas”. É exatamente isso o que vem acontecendo desde o século passado. Os aparatos tecnológicos surgem e eliminam nossas dificuldades temporariamente, até que vida e as necessidades humanas se transformam e exigem novos recursos. Os aparelhos funcionam a curto prazo, mas a nossa dependência em relação a tecnologia é eterna.

    Tudo corre bem, até o momento em que o homem se vê sendo substituído pela máquina. A partir daí, o tempo é reorganizado e o ritmo de trabalho se torna mais intenso. O jornalismo, assim como outras áreas, é absorvido pelo modo de produção capitalista, fazendo com que os produtos e os profissionais sofram as conseqüências desse sistema. A experiência dos veteranos cede lugar ao vigor da juventude, tendo em vista uma produção mais acelerada, que atenda às demandas da sociedade de informação. O “profissional da vez” deve ser multifuncional e versátil, capaz de atuar nas diversas mídias, já que há uma tendência rumo à convergência dos meios de comunicação.

    Concordo quando Cláudia ressalta em seu artigo o caráter imprescindível do profissional de jornalismo nos dias atuais. Mais uma vez, o papel do jornalista, como aquele que guia a sociedade, que é responsável por organizar o mundo em que vivemos e selecionar o que de fato tem relevância em meio ao excesso de informação, é destacado. Porém, diante do cenário atual, o jornalismo se afasta de sua função social e passa a ser visto, pelos próprios jornalistas, como uma mercadoria. Não há como se orientar por uma forma de conhecimento produzida a partir da lógica capitalista de produção.

    A corrida contra o tempo faz com que a quantidade se torne mais importante do que a qualidade. As notícias devem ser curtas e chegar ao público rapidamente, para que possam acompanhar o ritmo acelerado de vida do receptor. Desta forma, a informação se torna superficial, fazendo com que a sociedade tenha acesso a uma representação fragmentada e descontextualizada da realidade. Além disso, o jornalismo, muitas vezes, está subordinado aos interesses dos setores comerciais das empresas jornalísticas. Muitas matérias são produzidas para um público amplo, com o objetivo de criar padrões de gosto e consumo, ao invés de informar e estimular a reflexão crítica do receptor.

    Neste contexto, o jornalista acumula mais funções e tem menos autonomia. O número de pessoas atuando na área aumenta, mas vários postos estão sendo terceirizados ou substituídos pelo trabalho de máquinas. Os profissionais se esquecem, então, da relevância social de sua atividade e passam a vê-la como um “negócio lucrativo”. Somado a isso, o diploma para o exercício da função de jornalista deixa de ser obrigatório. Essas transformações são indícios de que a sociedade precisa, urgentemente, refletir sobre o jornalismo enquanto prática e forma de conhecimento. Os conteúdos jornalísticos são capazes de influenciar os valores, os comportamentos e as opiniões sociais. Através dele, se tem acesso ao que acontece no mundo, portanto, sua maior preocupação deve ser a de interpretar a realidade social de modo democrático e ético. Repensar o trabalho dos jornalistas é fundamental para que este se afaste do espetáculo e se volte para o interesse público.


    Bárbara Garrido de Paiva Schlaucher

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  7. A autora traz uma espécie de histórico do trabalho do jornalista, mostrando esta evolução de forma bem realista e, com isso, desanimadora.
    O jornalista lida com um material bastante perecível: a notícia. Esse é um dos motivos do trabalho ser pouco valorizado. Fazer uma boa matéria hoje, não serve pra amanhã e o que você fez já foi esquecido. As empresas querem mais e com um deadline cada vez mais curto. Lidar com o stress de atender a empresas cada vez mais voltadas ao lucro, associado com a vontade de escrever uma boa matéria, usando todos os quesitos éticos vistos durante a faculdade, é um desafio para os jornalistas de hoje.
    O que vemos acontecer no momento é o mercado absorver pessoas que possuem conhecimento técnico em comunicação e as reflexões teóricas perderem seu valor. Com a inobrigatoriedade do diploma a situação tende a piorar muito. Sendo assim, o jornalismo será cada vez mais gerido por profissionais de outras áreas. O aspecto técnico do jornalismo será supervalorizado e as questões éticas e teóricas ficarão reservadas às salas de faculdades federais, afinal as faculdades particulares vão seguir o que o mercado quer: lucro.
    O grande problema que impossibilita a mudança desse contexto é a falta de conscientização de grande parte da sociedade perante as funções do jornalismo e das irregularidades que passam despercebidas. Um grande exemplo disso foi quando o STF aprovou a não obrigatoriedade do diploma. A questão que era para abalar toda a sociedade parece ter afetado apenas os profissionais da área. Mas a culpa nesse caso não foge aos jornalistas que muitas vezes negligenciam suas funções e deixam de aproveitar o espaço na mídia para conscientizar a população.

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  8. Só é possível pensar a história, levando em consideração o desenvolvimento tecnológico que a movimenta, já dizia Milton Santos em seu livro “ Por uma outra globalização”. O surgimento de novas tecnologias gera efeitos positivos e negativos para a sociedade. Segundo Peter Burke, “nas atividades humanas, todas as soluções de um problema, mais cedo ou mais tarde acabam gerando outros problemas”.

    A passagem da Sociedade Moderna para a Pós-moderna consiste, sobretudo, em uma mudança de paradigma, que ainda não se definiu completamente, e talvez não venha a se definir. Essa transição tende a excluir aqueles que não conhecem ou não se adaptam às novas ferramentas de informação. O sentimento de pertencimento na sociedade requer uma flexibilidade mental que permita a aceitação de novas idéias e a adaptação à elas. Isso pode ser observado em quase todas as esferas do cotidiano, desde a familiar até o ambiente de trabalho. Nesse contexto, a mudança pode ser vista como obstáculo ou causa de fracasso, mas também como oportunidade.

    O artigo “ O jornalista em pauta: mudanças no mundo do trabalho, no processo de produção e no discurso”, de Cláudia do Carmo Nonato Lima, nos leva a pensar um pouco a reflexão dessas transformações no dia-a-dia do jornalista atual. Se antes ele tinha uma função demarcada, com horário definido e trabalho valorizado, o que vemos hoje é o caráter multifuncional desses profissionais, que se desdobram em horas extras para cumprir o processo de produção de notícias para as mais diversas mídias. A necessidade do profissional com um novo perfil levou ao desemprego de grandes jornalistas, arraigados no antigo modo de produção. Sem se adaptarem às novas regras do mercado, sempre e somente interessado no maior lucro, ótimos diagramadores, revisores e copidesques foram considerados ultrapassados e abolidos de seus cargos. Somente aqueles que aceitaram a informatização e se inteiraram a ela conseguiram manter seu prestígio.

    O aumento da facilidade em se obter e transmitir informações provocou a dificuldade no gerenciamento destas e a consequente precarização no trabalho do jornalista, que passou a ser um operário do sistema capitalista neoliberal. Seu trabalho passou a ser visto como nada mais do que instrumento de lucro para grandes empresas. A perspectiva da notícia como bem público e direito do cidadão já não está mais presente na mente de grande parte dos recém formados em jornalismo. Muitos vêem os meios de comunicação como um simples negócio. Ou seja, os próprios profissionais da área subestimam o significado primordial do jornalismo.

    A Era da Informação, focada no acesso à informação digital está evoluindo gradativamente para a Era da Interatividade, na qual as pessoas se interagem em torno e com a informação. Sem dúvidas, essa transição já está causando impactos na maneira de pensar os conteúdos midiáticos, o que, consequentemente, irá modificar novamente a perspectiva sobre o trabalho do jornalista. Não só a respeito dele, mas sobre as relações entre as pessoas, a educação e o trabalho. Um novo paradigma está surgindo e apenas os que se dotarem das novas aptidões necessárias poderão permanecer na máquina da produção. Cabe a todos, mas principalmente às universidades avaliar o por vir, a fim de adequar o método de ensino aos objetivos e necessidades da sociedade em constante mutação.

    Anelise Polastri Ribeiro

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  9. Novas tecnologias, compressão do tempo, mudanças no mundo do trabalho. Essas são questões trabalhadas no artigo “O Jornalista em pauta: mudanças no mundo do trabalho, no processo de produção e no discurso”, de Cláudia do Carmo Nonato Lima. A leitura do texto não é tão agradável quanto a dos demais apresentados neste blog. O modo de composição é mais pesado e cria a impressão de repetição, além da sensação de que a autora “dá voltas” para chegar à sua questão principal.

    As inovações tecnológicas modificam tudo à sua volta, trazendo conseqüências positivas e negativas. Especificamente no jornalismo, ao mesmo tempo que facilitam o trabalho, as mudanças também alteraram profundamente as funções dos profissionais da área. Cargos foram extintos e os jornalistas acumularam funções. Tantas mudanças nas esferas tecnológicas, culturais e interpessoais exercem uma pressão enorme sobre os profissionais para suprir a demanda por informação. Mas o curto tempo impossibilita a pesquisa e os textos estão cada vez mais curtos e substanciais.

    Hoje, a informação se configura como um dos principais instrumentos de conhecimento da sociedade, permitindo aos cidadãos acompanhar, observar e interpretar os fenômenos do cotidiano. Mais que isso, a informação tornou-se um produto na sociedade de consumo, que exige rapidez. Mas apesar de quaisquer percalços, a produção jornalística tem que acompanhar esse ritmo. O jornalista deve organizar a balbúrdia do dia-a-dia e torná-lo notícia. Diante da competitividade do mercado, que precariza o trabalho e exige polivalência, o resultado são profissionais estressados e descontentes com sua carreira.

    Nathalie Arruda Guimarães
    6º Período - Diurno

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  10. A mudança no modo de produção capitalista e o desenvolvimento de novas tecnologias influenciaram o trabalho jornalístico. A nova estrutura econômica do mundo, com o passar dos anos, transformou a face dos jornais, que se tornaram grandes empresas. E, dentro dessa realidade, assim como Cláudia Lima aponta eu seu texto, a informação passou a ser vista como mercadoria. Assim, as notícias e as reportagens passaram a ser os produtos dessas “novas empresas”.
    Nesse sentido, o jornal, como empresa inserida no mundo capitalista, visa o lucro. Desse modo, tem o objetivo de atrair cada vez mais leitores que sejam consumidores do seu serviço. Outro ponto de interesse das empresas jornalísticas é o anúncio publicitário. Hoje, costumamos nos deparar com informações marcadas pelo discurso publicitário.
    As empresas jornalísticas também seguiram o modelo de outras empresas da atualidade, a polivalência. As funções, que antes eram realizadas por diferentes profissionais, como pauteiro, repórter, fotógrafo e redator hoje são realizadas por uma única pessoa. Essa característica obriga os profissionais da área a desempenharem muitas atividades em um período cada vez mais curto.
    O pouco tempo para a entrega de tarefas também é consequência do aparecimento de novas tecnologias. A partir do desenvolvimento delas, a velocidade da informação aumentou e a relação entre o jornalismo e o presente ficou ainda mais íntima. Podemos ver isso nos jornais online, neles observamos atualizações constantes das notícias.
    Nesse quadro, observamos que as notícias tem sido as maiores vítimas das transformações que, rapidamente, têm chegado às redações. O pouco tempo que os jornalistas possuem para entregar vários serviços compromete, por exemplo, a apuração das informações e a entrega de materiais com mais conteúdo e qualidade.

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  11. O século XX e o advento de novas tecnologias provocaram mudanças profundas nas relações culturais e interpessoais ao redor do mundo. Cada pessoa, cada cidadão e principalmente cada profissional passou a sentir na pele que precisaria se adaptar. Na área comunicacional então, essa mudança talvez possa ser considerada uma verdadeira revolução. E é dentro desse novo contexto que cabe repensar o papel do jornalista para a sociedade contemporânea.

    A informação é hoje, mais do que nunca, um “produto” de consumo altamente valorizado. Com isso, o jornalista passou a ter um certo destaque na sociedade. Porém, com o desenvolvimento cada vez maior das grandes redes de comunicação, esse destaque do profissional de jornalismo torna-se questionável. Isso porque a mediação dos conteúdos comunicativos deixa de pertencer a um profissional habilitado para se tornar domínio de todos. A antiga relação emissor/receptor se modifica para emissor/receptor (que pode vir a ser também um emissor). A teia informacional está formada.

    Mudaram também as relações do público com os meios de informação, o que influencia o fazer jornalístico e a própria forma de se comunicar do jornalista. Para atingir o mesmo público, porém com novas características enquanto receptores, é necessário criar novas práticas. Práticas que precisam estar de acordo com a nova relação espaço-temporal e consequentemente com a rapidez e a simultaneidade.

    O trabalho do jornalista passou por uma série de transformações. A era da informação, das tecnologias, da produtividade industrial e do capitalismo abriga um jornalismo que, segundo Carmem Lígia Iochis Grisci e Paulo Henrique Rodrigues, está em fase que se pode chamar de “pós-fordismo”. E na descrição dessa fase, os pesquisadores conseguem delinear o cerne da questão que envolve o trabalho jornalístico atual. Destacam como características definidoras desse trabalho o encurtamento e supervalorização do tempo de produção dos conteúdos, alongamento da jornada de trabalho e o polêmico desmantelamento dos limites entre funções. A organização do trabalho jornalístico passa a se alicerçar na flexibilização e na desregulamentação.

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  12. A figura do jornalista polivalente, que precisa desempenhar uma infinidade de funções no menor tempo possível e por um salário razoável ou mesmo inaceitável em alguns casos, acabou se tornando comum. É o arquétipo do profissional que trabalha muito e sempre sob pressão num mercado cada vez mais cruel e competitivo.
    Os valores mudaram. O jornalismo de pesquisa, de desenvolvimento de conteúdos bem estudados e de grandes reportagens se transforma aos poucos no jornalismo imediatista, sucinto e direto apenas.

    O foco agora é a quantidade, mesmo que isso prejudique (e é o que de fato acontece) a qualidade. Rádio, hipermídia e televisão apostam no tempo real, cabendo ao impresso o trabalho de discussão dos fatos “jogados em cascata” pelas outras mídias. É claro que existem as exceções em todos os meios, mas a regra geral é o que costuma prevalecer.

    Como se não bastasse toda a precarização do trabalho do jornalista, ainda se soma a isso a falta de comprometimento dos novos profissionais da área. Na ótica capitalista que impera fortemente, a informação deixa de ser vista como direito público e passa a ser enfocada sob o ponto de vista da lucratividade.

    Se as transformações são inevitáveis com o transcorrer dos anos, fica a cargo do profissional lutar para manter seus direitos e a dignidade de seu trabalho. Infelizmente o que temos visto são jornalistas conformados com o sistema e ainda contribuindo para a desqualificação do ofício. Já que a palavra é mudança, que mudem de postura.

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  13. A função do jornalista na sociedade sempre teve uma grande relação com a sua contemporaneidade, pois é o que torna o profissional dinâmico e um termômetro do seu habitat. O texto de Cláudia do Carmo Nonato Lima traça uma linha que converge as duas linhas de pensamento.
    A antiga função do jornalista, engessada e propensa à relação burguesia x proletariado, impedia o leitor de uma participação ativa na produção jornalística. A época do fordismo trouxe para a profissão a divisão do trabalho e uma hierarquia que prevaleceu nas redações muito tempo.
    O propósito passa a se modificar a partir da anexação do lean thinking. A grande essência do toyotismo veio trazer ao jornalismo um pensamento mundial: otimizar processos e garantir resultados sustentáveis. O jornalista agora era um profissional dinâmico, que ao mesmo tempo devia se tornar um expert em economia e um ótimo redator, pronto a apurar matérias das mais diversas, eclético e ciente de que só a versatilidade garantiria um lugar na redação.
    Mas o leitor continuava engessado sob uma ótica de receptor passivo. Com o surgimento da web, o jornalista não tinha mais como ignorar o seu público. Não podia-se mais ludibriar com falsas informações ou com políticas editoriais parciais e contraditórias ao que se considerava ético.
    Na era da web 2.0, da queda do diploma, dos freelancers e PJ (pessoas jurídicas), o jornalista de hoje é o formador de opinião, aquele que possui embasamento para modificar pessoas e causar um impacto na sociedade.
    E por incrível que pareça, o futuro do jornalista não está na exerção da função do jornalista. O que vemos agora é cada vez menos jornalistas, e mais comunicólogos. Maiores especialistas na formação de opinião, estudo das relações interpessoais, criação de conteúdo relevante, e menos daquele profissional clássico que apura suas matérias e as redige.
    Quem pensa em jornalismo contemporâneo, pensa em marketing, relações públicas, relações externas, comunicação. Um profissional completo que garanta a continuidade da função para a próxima geração.
    Leonardo Civinelli - 200712014

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  14. Desde a Revolução Industrial, a realidade do mundo mudou. A eletricidade, telégrafo, máquinas a vapor, entre outras inovações, aceleraram o processo de produção, otimizaram o trabalho e aumentaram a produção. Podemos dizer que a Revolução Industrial no Jornalismo foi a entrada dos computadores nas redações e a criação da internet.
    Após essa inovação,a precarização do trabalho do jornalista se intensificou, houve um grande aumento do desemprego na área jornalística. Aproveitando os conceitos de Karl Marx para trabalho vivo (aquele realizado por homens) e trabalho morto (o trabalho humano que pode ser substituído e otimizado pela máquina), a máquina assumiu o papel do homem, principalmente a partir da década de 80. Os avanços tecnológicos baratearam os custos operacionais. Um computador produz 24 horas por dia e só custa quando é comprado, não recebe salário.

    Em 1995, a internet chegou ao Brasil e transformou as redações. Com sua interatividade e velocidade na chegada da informação, encurtou e supervalorizou o dead line dos jornais impressos, alongou a jornada de trabalho e consolidou o jornalista como multifuncional.

    A grande flexibilização do trabalho jornalístico é outro problema advindo da modernidade. Atualmente o jornalista para se manter no emprego, tem que conhecer e participar de todo o processo da noticia. Da apuração até a diagramação no jornal. O que é cansativo, mas enriquicedor para o profissional. Além de alongar a jornada de trabalho, essa nova ordem das redações estressa e faz com que cada vez mais os focas e jornalistas desempregados percam o interesse pela profissão. Com a falta de emprego, cada vez mais jornalistas abrem mão de lutar por um lugar ao sol nas empresas e tentar abrir seu próprio negócio em casa ou em pequenos escritórios,acumulando funções técnicas e executivas.

    Acredito que a unica vantagem do o jornalismo impresso frente as novas mídias digitais é a especialização e aprofundamento das matérias-reportagens. E o caminho dos jornalista é a eterna busca por conhecimento técnico para se diferenciar dos "normais".

    Pedro Brasil

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  15. Achei muito boa a associação entre jornalismo e trabalho apresentada no texto em debate desta semana. Realmente nossa área está fortemente ligada às inovações e transformações da sociedade e do mundo de trabalho.

    É evidente a transformação que o surgimento dos computadores e, posteriormente da internet, trouxe às redações de jornal. Antigas funções desapareceram e o jornalista teve que se adaptar à linguagem dos novos meios e, principalmente, ao tempo - que, com os avanços tecnológicos, ficou cada vez menor e mais rápido.

    Acredito que tal modernização da profissão não é inteiramente negativa. Na verdade, esses avanços trouxeram uma questão muito importante para a sociedade atual: o maior acesso à informação. A sociedade da informação, como tem sido chamada por muitos, expandiu fronteiras e rompeu barreiras, consolidou a globalização e permitiu que a população tivesse acesso ao conhecimento e aos fatos mundiais.

    Infelizmente a globalização trouxe consigo muitas contradições. Sabemos que ainda grande parte dos indivíduos, principalmente nos países ditos em desenvolvimento, estão à margem dessa sociedade da informação. Mas de maneira geral, acredito que as inovações têm cumprido um papel muito importante no desenvolvimento das pessoas.

    Partindo especificamente para as mudanças ocorridas no mundo de trabalho da comunicação, podemos perceber que a informação ganhou uma característica muito mais comercial e passou a ser gerida em grandes corporações que substituiram as antigas redações de jornais.

    Com isso, o profissional da área ganhou novas funções multidisciplinares que lhe exigiram características multifuncionais e polivantes. Hoje o jornalista atua tanto como repórter, quanto redator, fotógrafo, cinegrafista, assessor; e, como ressalta a autora, às vezes ao mesmo tempo.

    Outra importante modificação no nosso meio de trabalho é a recente perda da obrigatoriedade do diploma. Ainda não é possível prever as consequências oriundas dessa decisão, e muitas grandes empresas afirmam que irão manter a contratação de profissionais com diploma da área. Entretanto, acredito que nós, futuros jornalistas, devamos buscar um complemento à nossa formação, como forma de diferenciação no mercado de trabalho, frente a essa desregulamentação da profissão.

    Por fim, reitero a opinião da autora de que, neste cenário, cabe às instituições de ensino repensar a profissão e o formato do curso de jornalismo nas universidades.

    Laura Giordano

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  16. A transformação tecnológica pela qual o jornalismo vem passando, não altera apenas o formato ou a velocidade da informação, mas também as relações de trabalho dos envolvidos. Acredito na capacidade de realocação dessa mão de obra. Por exemplo: se um jornal impresso fecha por não dar mais lucro, portais alternativos na internet podem abir. A não necessidade de uma concessão pública para se operar na internet abre muitos caminhos. Essa realocação pode não acontecer se o aumento no número de jornalistas, por exemplo, for exagerado.

    Um repórter trabalha, hoje, em dois ou três veículos diferentes porque o salário de um não é suficiente. O salário não é suficiente porque as empresas jornalísticas visam o lucro. Um jornalista de jornada tripla acaba fazendo seu trabalho “mecanicamente” e o jornal perde em qualidade. A qualidade da informação é prejudicada.

    Um jornalista não tem mais tempo e/ou apoio para fazer uma grande reportagem e as linhas editoriais tem de ser seguidas de maneira cada vez mais rígida. “Se não quiser assim, fora! Tem uma fila imensa lá fora querendo seu lugar”. É o discurso que existe de maneira implícita nas redações.

    A precarização das relações de trabalho concentra poder nas mãos dos donos e assim o jornalismo vai pro mesmo caminho de tantos outros setores. Mas se esquecem que uma empresa jornalística não é, ou pelo menos não deveria ser, igual a uma siderúrgica ou empreiteira. As fronteiras entre o produto de qualidade e a manipulação (produto de má qualidade) são mais sutis e exigem maior discernimento e qualificaçao do trabalhador de imprensa, a responsabilidade é maior.
    A informação é um direito da sociedade e o jornalista deveria ser o guardião desse direito. O grande problema é que nem os donos das empresas, nem os próprios jornalistas tomam isso como verdade. Apesar de não ser, cada vez mais gente trata o jornalismo como outro negócio qualquer. Como a sociedade também não exige, não reconhece o papel da imprensa, continuamos caminhando nesse sentido.

    Da mesma maneira que, segundo a autora, os avanços trazem efeitos colaterais, a saída para os problemas pode estar nas novas tecnologias. A internet, por exemplo, não exige concessão para operação. A internet dá uma chance de começar um jogo do 0 a 0 ou pelo menos começar o jogo. Não existe liberdade de imprensa na TV brasileira porque a informação está nas mãos de três ou quatro grupos.

    O que diferencia, na maioria das vezes, um blog de sucesso de um fracassado? Apenas a qualidade. A não regulamentada internet pode ser o campo para a criação de projetos de qualidade, que se destaquem em meio à multidão. É mais democrático, no fim, a sociedade que escolhe. Resta saber apenas se a sociedade quer essa “informação de qualidade”, se vai fazer ou não do veículo um veículo de sucesso.

    Um blogueiro que se destaque pode, por exemplo: atrair patrocinadores, crescer, se tornar um empresário de sucesso, contratar funcionários, crescer mais um pouco, fazer do seu blog um grande veículo de comunicação e aí explorar seus jornalistas e só publicar o que a linha editorial criada por ele mandar, assim como todo empresário de comunicação.

    José Roberto Castro

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  17. Dou partida ao meu comentário, dessa vez, com a pertinência do que expôs a Sarah, inicialmente, em seu post: “a revolução informacional e a compressão do tempo reorganizaram os métodos e processos de trabalho, que passaram a se alicerçar especialmente na flexibilização dos profissionais da imprensa”. Primeiramente, precisamos entender que esse processo é consitituído de uma variável histórica, que tem dimensão fundamental para a compreensão dos cenários atuais. Sarah ressaltou bem isso também. As demais dimensões são a política, econômica, cultural e técnicocientífica. Juntas impõem desafios aos profissionais de comunicação, especificamente, que assumem, cada vez mais, papel central no que podemos chamar de espaços de convergência midiática.

    O professor americano Henry Jenkins, em seu livro A Cultura da Convergência, nos alerta com lucidez que a convergência não se constitui em sua plenitude apenas por meio das ferramentas técnicocientíficas oferecidas pelas máquinas e pela euforia tecnológica da sociedade digital das imagens. A convergência deve ser entendida, principalmente, como fator de transformação social, que invoca novos processos de subjetivações, ou seja, novos modos de ser, novos hábitos. A convergência acontece, então, nos cérebros dos consumidores e não nas máquinas simplesmente.

    Sendo assim, a profissão de jornalista passa a exigir formação cada vez mais complexa, já que não basta apenas compreender as plataformas interativas e que dão mais velocidade à produção e emissão da informação. Torna-se necessário, essencialmente, ir a fundo nos contextos históricos, compará-los com os protocolos atuais, entender as demandas sociais ao longo dessa história, saber relacionar e interpretar os dados e não apenas armazená-los e disseminá-los em redes ultra velozes.

    Com isso, entendemos a declaração da Thamara: “A não exigência do diploma desvaloriza os profissionais. Só porque a internet expandiu o espaço para opinião e informação não quer dizer que qualquer um pode ser jornalista”. Repleta de razão!
    A visão “pessimista” levantada pelo Felipe Muniz faz mesmo parte do cotidiano de alguns profissionais que enxergam o valor econômico e a euforia técnica se sobreporem aos valores de um jornalismo pensado na essência social. Também tenho a mesma confiança que você Felipe: no futuro, “o dono [da empresa de comunicação, formado e qualificado na área] vai se preocupar mais com a qualidade da informação.”

    Nossa pofissão passa por um momento plural de reflexões e temos que fazer as pessoas entender a necessidade das mesmas. Flávia faz um alerta muito interessante em seu comentário: “O que vemos acontecer no momento é o mercado absorver pessoas que possuem conhecimento técnico em comunicação e as reflexões teóricas perderem seu valor”. Espero, Flávia, que os novos profissionais como você nos ajudem a formar essa consciência.

    Como bem ressalta o Leonardo, estamos agora diante de “maiores especialistas na formação de opinião, estudo das relações interpessoais, criação de conteúdo relevante”. Portanto Léo, estamos diante de pessoas com maiores responsabilidades sociais. A técnica deve ser entendida como suporte e não como fator prioritário.

    Essa “característica muito mais comercial“ destacada pela Laura precisa ser analisada com cautela e raciocínio crítico/político ao mesmo tempo. Os conglomerados de mídia com suas políticas transnacionais assumem a identidade neoliberal americana, que não conhece limites para o alcance de seus objetivos mercadológicos. Para a comunicação, essa linha de ação se torna problemática quando pensamos em constituição de espaços democráticos e portanto de maior participação pública em todos os processos de produção do conhecimento. Somos hoje sim profissionais multimidiáticos, mas devemos ser principalmente multiconscientes sobre nossos deveres e fazeres perante a tela digital.

    abraços a todos!

    Bedendo

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  18. O artigo de Cláudia Lima mostra um histórico do trabalho jornalístico em um parâmetro pouco animador. Mais uma vez acredito que o ponto central está ligado a duas condições: o avanço das novas tecnologias e a visão cada vez mais acentuada da notícia como um produto.
    As empresas jornalísticas estão estruturadas dentro do molde capitalista, ou seja, tudo que é produzido deve gerar lucro. Essa condição afeta diretamente o trabalho jornalístico, os repórteres tem que escrever seguindo esse parâmetro. As notícias são direcionadas de modo a não afetar, por exemplo, patrocinadores do veículo de comunicação. Outra situação verificada são os textos com cunho propagandístico. As condições de trabalho, muita vezes, não são as mais favoráveis. Com o intuito de diminuir custos, os profissionais vêm acumulando tarefas. Um jornalista hoje tem que atuar também com redator, pauteiro, fotógrafo. Em um meio em que os deadlines são extremamente curtos é comum que não sobre tempo para que todas as funções sejam exercidas de forma satisfatória.
    Os jornalistas ainda sofrem com a supressão do tempo causada pelas novas tecnologias. As notícias se desgastam como uma velocidade impressionante. É preciso fazer com que os leitores se interessem por algo que já foi noticiado por outros meios, pois é desse interesse que vivem as empresas jornalísticas.
    Diante de tanta pressão os jornalistas estão passando por uma fase de precarização de seu trabalho. Há uma dificuldade em se exercer tantas funções em um tempo cada vez mais limitado. Os profissionais da comunicação, apesar de imprescindíveis nos dias atuai - já que a maior parte da informação que circula vem dos meios jornalísticos-, estão trabalhando em um ambiente desfavorável e de pouca valorização.
    Por Dafne Nascimento

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  19. Com o surgimento de novas tecnologias, ocorreram mudanças nos meios de produção e nas funções do jornalista. A mão-de-obra foi reduzida e houve uma precarização do trabalho, como o aumento da jornada e a terceirização dos profissionais.

    Alguns profissionais viram seus cargos serem abolidos com as inovações. A instalação de computadores nas redações desempregou muitos jornalistas que tiveram seus cargos abolidos. No entanto, o trabalho não acabou. O que ocorreu foi uma transformação no processo de trabalho, uma reorganização das funções. Os jornalistas se tornaram multifuncionais, tendo que aprender a produzir informação para todas as mídias.

    A fim de aumentar a produtividade em tempo cada vez mais curto, a execução das tarefas se tornou mais rápida, tornando o horário de trabalho dos jornalistas mais rígido. Como o tempo é curto, o profissional teve que se adaptar. Passou a escrever textos cada vez mais curtos, o que impossibilitou as grandes reportagens.

    As empresas investem em novas tecnologias a fim de baratear os custos. Para aumentar a renda do jornal elas utilizam também outro recuso, a publicidade. O investimento em marketing vai garantir a sobrevivência financeira do impresso. Ao longo do século XX a informação se torna moeda de troca e a comunicação passa a ser vista como importante ferramenta para o acúmulo de capital.

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  20. Muito pertinente o artigo. Ao meu ver, a profissão do jornalista, hoje, encontra-se descaracterizada - principalmente agora, com a não obrigatoriedade do diploma. Em uma época em que todos tornaram-se potenciais emissores de informação, é de fundamental importância discutir a ética, os valores e a função do jornalismo.

    Em primeiro lugar, é necessário que se tenha em mente que, longe de ser um negócio como outro qualquer, a produção jornalística é uma forma de suprir o público de algo a que ele tem direito: a informação. Ao enxergar o trabalho dessa forma, o jornalista assume uma série de responsabilidades intrísecas a seu ofício, mas que são ignoradas quando se pensa na produção de notícias como "um negócio como outro qualquer".

    A enxurrada de informações veiculadas diariamente e o velocidade com que são transmitidas provocou uma profunda mudança na figura do jornalista e nas funções que ele desempenha. Em um mundo a cada dia mais veloz e competitivo, já não há mais espaço para aquela figura do jornalista intelectualizado, capaz de fazer grandes análises sobre a realidade. Os profissionais da comunicação tornam-se cada vez menos JORNALISTAS, e mais "escrivinhadores de lead" (para citar uma expressão do Prof. Paulo Roberto).

    A cultura do Ctrl C + Ctrl V, o tempo cada vez mais apertado para apurar e, arrisco dizer, até as assessorias de comunicação, emburrecem repórteres e leitores, causando a falsa impressão de que estamos bem supridos de informação. Na verdade, é preciso e urgente avaliar não a quantidade, mas a qualidade do que estamos produzindo como jornalistas, e consumindo como receptores - e não há lugar melhor do que a Universidade para se ter essa discussão.

    Gabriella Praça

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  21. Como todas as coisas, o jornalismo também evolui. A grande mudança está ligada ao avanço da tecnologia, da informática e do acesso que o público receptor tem a esses novos meios. A hipermídia tomou conta do mercado de informação e é, sem dúvida, mais prática e mais procurada do que a notícia impressa.

    O artigo de Cláudia do Carmo Nonato Lima faz uma retomada histórica desde a revolução industrial até a contemporaneidade para avaliar a mudança no jornalismo. Cláudia embasa seus argumentos em afirmações de grandes estudiosos.

    A autora não vê com bons olhos o avanço da tecnologia e acha que está nas mãos das instituições de ensino reavaliar o papel e a função do profissional de jornalismo. Se pensarmos que a função de jornalista é informar os fatos, então jornalista é todo mundo.

    Não há como ter controle das informações disseminadas pelos meios eletrônicos. O público posta o que bem quer, acessa e repassa o que lhe interessa, pode ter sua própria página na internet e ser jornalista como bem entende. Sem fronteiras, o tempo é curto e supervalorizado. Aquele que divulga primeiro sai à frente e toma o crédito pela divulgação da notícia. Mas, cuidado, nem tudo é confiável. O que se precisa buscar é a qualidade da informação, independente do emissor.

    Não sei se isso é ser ultrapassado, mas eu não confio em Twitter. Primeiro, nem acho que grandes celebridades vão usar esse meio para divulgar suas últimas novidades. Penso eu que eles têm mais o que fazer, não? Desacreditei também depois de ver perfis fakes de artistas e discussões sem o menor valor, como o caso da filha da Xuxa que escreveu uma palavra errada e foi criticada pelos twitteiros de plantão.

    Ainda que não me atraia, eu preciso acompanhar essas novas tecnologias de informação e redes sociais que surgem. Dizer não a essas mudanças é dizer não a novas linguagens e comportamentos. Essas "cybernovidades" certamente terão reflexo na sociedade.

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  22. O texto aborda de forma clara a dificuldade enfrentada em nossa profissão nos dias atuais. Com tantas diferentes possibilidades de comunicação disponíveis - e entre elas enfatizo a internet -, a rapidez de apuração e veiculação das notícias se torana cada vez mais desgastante. Somado a isso encontramos a fase industrial destacada pela autora, na qual o jornalista desempenha diversos papéis no processo de produção. Papéis esses que nem sempre são de sua responsabilidade ou que, até mesmo, não são de seu total entendimento.

    No entanto, toda essa mudança pode também ser vista como um fator que veio para ampliar o mercado de trabalho na área. Não é preciso ir muito longe para constatar que as faculdades e universidades do país colocam cada vez mais profissionais no mercado a cada semestre. Sem uma evolução dos meios de comunicação e a conseqüente ampliação deles seria impossível a absorção de toda essa gente pelo mercado.

    Internet sem fio, blogs, sites, celulares cada vez mais modernos, tecnologia 3G, twitters e portais de diferentes assuntos constituem hoje uma nova mídia que ao mesmo tempo que funciona como uma forma encontrada para "desafogar" o mercado, também exerce o papel de acompanhar a necessidade que temos na agilidade da informação.

    Não digo aqui que esses meios vieram para substituir os antigos, mas em muitos momentos é difícil pensar em esperar até o dia seguinte para obter determinadas informções quando podemos ter acesso a elas por um pequeno aparelho que está na palma de nossas mãos.

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  23. Flaviane Soares

    Há alguns dias enquanto desenvolvia um seminário para a disciplina de Jornalismo especializado, tive como desafio explicar o fato das religiões apropriaram-se dos meios de comunicação, principalmente dos digitais, para disseminar suas mensagens.
    Nesta ocasião, li um livro chamado "A igreja em tempo de mudanças" do Pr. Aloísio Penido e neste livro ele conta como deve ser a visão de qualquer instituição nos dias de hoje se ela não quiser ser "engolida".
    Cito esta leitura, porque o artigo de Cláudia do Carmo trata de um assunto já consumado, não são necessárias grandes reflexões para entendermos que os meios de comunicação estão a cada dia mais dinâmicos, completos e "onipresentes"...
    Concordo que mais do que nunca precisamos duvidar da veracidade das mensagens que recebemos, pois se antes uma apuração equivocada já acontecia, maior é esta probabilidade com a abertura e não acompanhamento dos meios de comunicação, o que ressalta o caráter fundamental de um profissional qualificado para exercer o jornalismo.
    Diante das pesquisas e reflexões já feitas no universo da comunicação, acredito que as mídias coexistirão até que a geração da década de 90 representem a faixa senil da sociedade, pois vivendo numa época mista com tantas culturas e hábitos, só há uma comunicação eficaz se tivermos a astúcia de nos apropriarmos nas novas tecnologias sem abandonar o bom e velho folheto impresso

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