Bem vindo ao espaço digital utilizado pelos alunos e professores da disciplina Técnica de produção em Jornalismo Impresso para debates sobre questões pertinentes à formação jornalística e à prática do dia-a-dia da profissão no meio impresso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Impresso em Debate: Semana VI

Turmas,

Estou postando o formato digital do livro "Mídia e Violência", de AnaBela Paiva e Silvia Ramos. Para essa semana, a leitura é do artigo "Dependentes de BO: o desafio de ir além das fontes policiais".
Comentários até meia noite de segunda-feira, dia 23/11/09.

Download do livro: Mídia e Violência

abraços

Bedendo

14 comentários:

  1. Pode-se constatar, diante das reportagens hodiernas, a extrema dependência com as chamadas "fontes oficiais". As matérias relacionadas à violência têm a infundada impressão de que não necessitam de apuração mais aprofundada, visto que possuem uma compreensão mais "direta". Por conseguinte, acaba-se por criar laços de dependência com as fontes, que deveriam apenas cumprir o referido papel. Infelizmente, a ausência de apuração, no modo no qual o Jornalismo anseia, é extremamente comum em matérias com um cunho tão necessário à sociedade. Caso tal ato funcionasse correta e completamente, seria um grande aparelho de serviço público. Não o sendo, acaba por se tornar, muitas vezes, um meio para disseminar a violação aos direitos humanos, não a criticando, mas instrumentalizando o cego jornalista, que não percebe que já faz parte daquela viciosa degeneração social. Ou, ainda, age de má fé, contribuindo de forma egoísta e dolosa para a formação da babélica situação do Brasil.

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  2. São várias as dificuldades na cobertura do jornalismo policial que levam os repórteres a optarem por meios ingênuos ou talvez irresponsáveis de apuração das informações. A dependência da fonte policial é o principal agravante para a qualidade das matérias, a “amizade” criada com a fonte interfere igualmente. O uso adequado do off the record, de câmeras escondidas e de falsas identidades devem ser eticamente analisados para que se evitem excessos. Todo cuidado é pouco, as três perguntas que finalizam o texto são adequadas para uma reflexão ética a cerca dos cuidados que devem ser tomados na apuração da matéria.

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  3. Acredito que dependência de B.O.'s , tal como de fontes oficiais, sem uma maior apuração dos fatos, está muito relacionado com a necessidade de informação cada vez mais ágeis. A rapidez com as notícias são dadas é tamanha que acaba por prejudicar a qualidade da matéria e, em muitos casos, encerra em omissões ou até em inverdades. São muitos meios em disputa e competindo diretamente mcom a internet, algo novo e cada vez mais pauteiro das grandes redações. Os casos em que as notícias de crimes são mais investigadas são só aqueles em que gera grande repercussão. Existem dois casos na cidade onde morei (Resende) que para mim demonstra bem essa tendência jornalística. Num deles, os jornais até mudaram o bairro onde o criminoso vivia, que, por acaso, morava no mesmo bairro que eu e o conhecia desde novo. E assim ficou sendo dada a notícia, sem qualquer preocupação maior de saber a realidade dos fatos. Mas, de fato, trata-se de uma comodidade e tanto.

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  4. Vistos os desafios encontrados com relação à obtenção de fontes, fica claro que o trabalho jornalístico fica cada vez mais difícil e desacreditado. Muitos não sabem distinguir fontes e amizades, misturando e beneficiando à determinadas instituições/autoridades.
    Porem acho muito complicado instaurar um debate/discussão na atual realidade brasileira, por mais que isso seja a obrigação do jornalista. O jornalismo está muito burocrático, precisamos inventar, ou achar alternativas para um jornalismo mais interessante.
    As coberturas não mudam o foco, e fica claro que se tratando de fontes policiais/militares, o acesso fica mais restrito. Precisa-se de muitas vezes usar de artifícios não muitas vezes recomendados.
    Para concluir, creio que a amizade/relacionamento com a fonte deve ser respeitada. Porem, não deixando de revelar a veracidade. Pois, “teoricamente”seria o intuito do jornalista. Fácil falar quando não estamos inseridos na realidade e, creio, muito díficil quando você está no meio.
    Bom trabalho aos que vivenciam esta realidade e reflitam a respeito das coberturas executadas.

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  5. Apurar no Jornalismo não é nada fácil, pois é uma tarefa que esconde muitas outras. Apurar antes de tudo é investigar, pesquisar, comparar e correr atrás no sentido literal da palavra. No Jornalismo Investigativo Policial, estas tarefas são intensificadas pelo dinamismo e calor dos conteúdos, pela exposição de fontes conflitantes e pelas dificuldades encontradas em ir ao encontro do diferente e transpor a fronteira com o “marginal”. Nesse aspecto, o verdadeiro Jornalismo Policial perpassa os caminhos da antropologia na busca de uma ruptura dos velhos conceitos e estigmas. É claro que o que ouvimos, lemos e assistimos nos jornais são muitas vezes retratos infiéis, marcados por um modelo já comum, em que as personagens “Bandido” e” Moçinho” são as principais de um espetáculo corriqueiro e sensacional. Não se quer, nem se deve fazer apologia ao crime e ao incendiário, mas se repensar em como esses estão apresentados em nossas narrativas. O texto Mídia e Violência mostra a incipiência das informações contidas nos Bos, que trazem uma única visão do fato. Em muitas redações apenas ocorre uma transcrição destes fatos para uma linguagem jornalística. O trabalho de investigação requer mais que isso, afinal ir ao campo dá a oportunidade de confrontar opiniões e visões, além de possibilitar que possamos encontrar novos vestígios e quem sabe distintos sentidos. Estes nada fáceis de trilhar, uma vez que o outro lado nem sempre quer ser ouvido. Por isso, melhorias nessa perspectiva jornalística ocorrerão quando se arriscar no mínimo a mudar, e quem sabe trilhar novos caminhos.

    Raruza Keara

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  6. O que vemos hoje no jornalismo, como já venho falando em outros comentários, postados anteriormente, a respeito de outros artigos, os jornalistas estão cada vez mais acomodados. Todos esses textos que lemos até hoje, mostra uma tendência ao comodismo, que leva muitas vezes a um jornalismo medíocre e sem sal. O texto dependência dos BOs fala justamente disso, pois na cobertura policial muita vezes a única fonte entrevistada é a autoridade, e quase nunca ele é confrontada, ouse já as suas palavras tornam-se verdades absolutas naquela reportagem. O que devemos fazer para mudar este parâmetro de um jornalismo preguiçoso? Esta deve ser a questão a ser levantada nas faculdades e nas principais redações do país. Precisamos inovar.

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  7. O comentário acima foi escrito por Bruno Quiossa, esqueci de escrever o nome.

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  8. Quem analisa uma situação sem estar envolvido, sem conhecer diretamente as fontes, consegue enxergar melhor as intenções de cada personagem daquela cena. Por isso, no caso das matérias sobre segurança pública, quando o repórter estabelece uma amizade com os policiais, acaba se perdendo e, muitas vezes, sendo manipulado de acordo com os interesses da fonte.
    Ao ler o artigo “Dependentes de BO” me lembrei do filme “Intrigas de Estado”, no qual um jornalista começa uma investigação para desvendar um crime e, na busca pela boa reportagem, acaba quebrando algumas regras. A principal fonte do caso, um político, era o melhor amigo do repórter e isso o induz a várias conclusões equivocadas em relação aos verdadeiros culpados.
    Mas o suborno, o jogo de interesses, não faz parte apenas do mundo jornalístico, todos os setores da sociedade sofrem desse mal. Cabe a cada profissional ter consciência de seu papel e ser ético em tudo o que fizer. No caso do repórter, cumprir a função de ouvir fontes que tenham perspectivas diferentes em relação ao fato, mantendo a distância necessária de cada uma delas.

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  9. Realmente exercer nossa profissão é algo de extrema delicadeza e complexidade. Muitos ainda não entenderam que temos que caminhar ao lado dos princípios éticos e morais. Aqueles que exercem o jornalismo sem essa consciência prejudicam o trabalho de toda uma camada de profissionais que atuam de maneira legal. Isso explica a falta de confiabilidade que ainda nos cerca.

    Mais do que nunca, a classe precisa estar unida e munida de bons preceitos para que ganhemos saldos positivos com as esferas da sociedade. Já que, infelizmente, ainda enfrentamos preconceitos a perder de vista!

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  10. A apuração das matérias é um dos pontos mais importantes para um bom resultado. É preciso investigar e correr atrás de pessoas que possam realmente contribuir. Cobrir matérias relacionadas à violência e à criminalidade é, nesse ponto, mais trabalhoso do que nas demais. Observa-se a dependência de informações policiais e isso pode acarretar, por vezes, em matérias tendenciosas e unilaterais.
    No entanto, ouvir outras fontes que estejam mais diretamente relacionadas com o crime pode não ser a saída. A comunidade onde ocorre o crime, os advogados, ou até mesmo a vítima podem estar coagidos pelo tráfico, por exemplo.
    É preciso, portanto, maior esforço por parte dos jornalistas na cobertura policial. Ir a fundo na investigação e alcançar as demais fontes necessárias para um resultado o menos parcial possível.

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  11. A apuração é, sem dúvida nenhuma, a etapa mais importante e delicada de um trabalho jornalístico. No jornalismo policial então, essa apuração se torna ainda mais delicada, pois envolve questões muito sérias, se a notícia for mal apurada, o jornalista pode condenar publicamente uma pessoa injustamente. No caso do jornalismo policial, a relação do jornalista com a fonte traz uma certa acomodação por parte do jornalista, pois muitas vezes este fica refém de uma fonte oficial e não se vê na obrigação de acompanhar o caso de perto. Isso com certeza é prejudicial para a matéria, pois pode não retratar o fato como ele realmente aconteceu, mas sim através da versão de um policial. Portanto, é preciso que o jornalismo policial seja apurado devidamente para não correr o risco de retratar a notícia distorcidamente.

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  12. A dependência dos B.O.s cria um jornalismo pobre e pouco reflexivo. A falta de algum profissional que faça o paralelo entre o acontecimento e a sociedade, no jornal, faz com que as notícias sejam perecíveis.O jornalista precisa ter a consciência da delicada posição em que se encontra ao ter posse de informações. Nunca pode esquecer que trabalha com e para pessoas. Isso significa que deve ter critério para trabalhar com off, câmeras escondidas, falsas identidades e com testemunhas.
    As vezes, jornalistas não levam em conta momento que o entrevistado está passando - momento esse que o faz ser alvo dos jornalistas - e o utilizam apenas como uma fonte, sem levar em consideração que haverá repercussão da matéria, que pode ser doloroso para o entrevistado.
    É com bom senso que o jornalista deve se portar, a fim de fazer com que o foco de seu trabalho seja a informação e não o espetáculo - que não informa.

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  13. Apurar é uma das funções que mais exige atenção do jornalista. A questão que o texto levanta, em relação à dependência das fontes policiais é difícil de ser rompida, mas não impossível. Uma maneira eficiente de estabelecer outros pontos de vistas, que não o dos policiais, é diversificar as fontes. Ouvir especialistas em determinadas áreas pode acrescentar muitas informações e ajudar o público a entender o que a fonte oficial quis dizer, além de informar sobre o contexto do acontecimento. Isso contribui bastante para o enriquecimento da matéria.
    O repórter precisa ser critico e sagaz para não ser usado, como ressalta o autor do texto. Mesmo com as dificuldades do oficio de jornalista, o profissional precisa sempre buscar maneiras de oferecer informação de qualidade. Acredito que todos os pontos levantados servem para reflexão. Como a teoria é bem diferente da prática, cabe a quem exerce a profissão encontrar meios alternativos e usá-los sem deixar de lado a ética. Dar voz aos bandidos é tão importante quanto dar voz as vítimas, muitas vezes esquecidas em meio a espetacularização produzida pelos meios de comunicação em cima da prisão dos bandidos. Diversificando opiniões, é possível fugir da mesmice e apresentar a cada dia um jornalismo mais abrangente e melhor analisado.

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  14. A estatística apresentada pelo texto é interessante, mas acredito que podemos ampliar a discussão sobre o uso de informações policiais como única fonte na produção de matérias. Todos nós sabemos que quanto mais fontes forem consultadas, mais credibilidade vai ter a matéria. Só que a rotina do jornalismo nem sempre permite que todas as informações apuradas entrem na reportagem. Acho que na falta de espaço para a articulação de matérias de menor repercussão, muitos jornalistas preferem colocar as informações de fontes oficiais porque hipoteticamente são mais confiáveis. Matérias de maior importância ganham mais espaço para colocar todos os pontos de vista e assim facilitar a discussão do assunto.

    Não podemos desconsiderar o comodismo de muitos jornalistas. O fato de todas as informações não caberem na matéria não quer dizer que todas as fontes possíveis não devam ser ouvidas.

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